Campanha de Lula cresce no RJ; semana terá agenda de mobilização

“Vou discutir com o povo do Rio de Janeiro e vou tentar ganhar mais votos”, afirma Lula. “A minha disposição é de ganhar de Bolsonaro (também) no Rio.”

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o ex-presidente Lula, em agenda de campanha no primeiro turno na quadra da Portela, em Madureira, zona norte do Rio de Janeiro

A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem crescido no Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral do País, com 13 milhões de brasileiros aptos a votarem. Após ganhar apoios importantes neste segundo turno, Lula quer qualificar as agendas de mobilização do eleitorado fluminense.

Na semana passada, duas adesões fortaleceram localmente sua candidatura. O ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT) – que apoiou o presidenciável Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno e terminou a eleição ao governo estadual em terceiro lugar – declarou voto em Lula. Ele justificou o “apoio e empenho” com base na “defesa da democracia, da sustentabilidade ambiental e das políticas sociais”. Em Niterói, Lula já saiu do primeiro turno como o mais votado. Foi o único município da região metropolitana onde o petista superou o presidente Jair Bolsonaro (PL).

O segundo apoio de peso é o do prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, o Waguinho, presidente estadual do União Brasil e um dos grandes cabos eleitorais da Baixada Fluminense. No pleito à Assembleia Legislativa, sua esposa, Daniela do Waguinho, recebeu 213.706 votos e terminou em primeiro lugar entre os deputados federais eleitos. O casal – que é evangélico – busca o apoio de mais pastores e lideranças religiosas a Lula. “Sou evangélico, Daniela é evangélica, mas servimos a Jesus Cristo. Não a Bolsonaro!”, diz Waguinho.

Rodrigo Neves, Waguinho e Daniela se somam ao “time de Lula” que disputou a eleição estadual. O ex-presidente apoiou as candidaturas de Marcelo Freixo (PSB) ao governo e de Andre Ceciliano (PT) ao Senado, mas também foi apoiado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e pelo também candidato a senador Alessandro Molon (PSB).

O Rio figura na lista de prioridades de Lula no segundo turno, ao lado de São Paulo, de Minas Gerais e do Nordeste. Na manhã desta segunda-feira (10), o ex-presidente concedeu entrevista ao Show do Antônio Carlos, um programa popular da Super Rádio Tupi. Na terça (11), à tarde, ele estará nas ruas de Belford Roxo com Waguinho e Daniela.

Um dia depois, na quarta (12), feriado de Nossa Senhora de Aparecida, é dia de caminhada no Complexo do Alemão e na Favela da Rocinha. Desde o início do segundo turno, a Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro tem intensificado a campanha em 15 regiões, com bandeiraços, panfletagens e outras ações. Até o fim do segundo turno, Lula deve voltar ao estado para participar de atividades na capital e em São Gonçalo.

Na entrevista, Lula frisou o legado de seus governos para o Rio, lembrando o boom na Petrobras e a retomada do setor naval. O estado foi um dos motores da expansão do País sob os anos Lula – a economia brasileira cresceu a uma média de 4% ao ano entre 2003 e 2010. A capital foi igualmente beneficiada com sua nomeação a cidade-sede de megaeventos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

“Nós descobrimos o pré-sal, nós recuperamos a indústria de óleo e gás, nós recuperamos a indústria naval, nós seguimos o maior investimento de obras públicas que já aconteceu no Rio de Janeiro”, afirmou Lula à Super Rádio Tupi. “E nós vamos voltar a fazer o Rio de Janeiro crescer outra vez”.

De acordo com o cientista político Alberto Carlos Almeida, próximo ao PT, há uma divisão informal na coordenação da campanha de Lula no estado: “Politicamente, o Eduardo Paes vai cuidar da zona norte e zona oeste da cidade do Rio. O Freixo vai cuidar da zona sul. O Rodrigo Neves vai cuidar de Niterói e São Gonçalo. E o Andre Ceciliano vai cuidar da Baixada Fluminense”.

Bolsonaro em queda

Apesar de Lula ter ficado em segundo lugar no Rio de Janeiro no primeiro turno, o resultado da votação mostrou, acima de tudo, a queda de votos de Bolsonaro. Foi no estado que, em 2018, o ex-capitão teve um de seus melhores desempenhos eleitorais na disputa ao Planalto, com 60% dos votos válidos no primeiro turno e 68% no segundo.

Paulista de nascimento, o presidente fez carreira militar e política no Rio, onde acumulou sete mandatos como deputado federal. Dois de seus três filhos parlamentares também têm base no estado – o senador Flávio Bolsonaro e o vereador carioca Carlos Bolsonaro.

Agora, apesar da hegemonia bolsonarista – e do uso desbragado da máquina pública em campanha –, a votação do presidente encolheu. Em 2022, comparado com 2018, ele perdeu mais de 5% dos votos fluminenses, tendo registrado 235 mil eleitores a menos. Para Lula, é possível virar o resultado: “Vou discutir com o povo do Rio de Janeiro e vou tentar ganhar mais votos”, afirma. “A minha disposição é de ganhar de Bolsonaro (também) no Rio de Janeiro.”

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