Votação de Lula é recorde e deixa campo democrático mais perto de nova vitória

Faltando apenas dez urnas para o fim da apuração – todas do Amazonas –, Lula já conquistou 57.258.115 votos – ou 48,43% dos votos válidos

Lula e Alckmin Foto: Ricardo Stuckert

A votação alcançada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste domingo (2) foi a maior de um candidato em eleições presidenciais no Brasil. Faltando apenas dez urnas para o fim da apuração – todas do Amazonas –, Lula já conquistou 57.258.115 votos – ou 48,43% dos votos válidos.

Em votos totais, o melhor desempenho eleitoral de um presidenciável em primeiro turno era o de Jair Bolsonaro, que obteve 49.276.990 em 2018, quando o ex-capitão concorreu pelo PSL. Lula superou esse recorde em quase 8 milhões de votos.

Os melhores índices de votação em Lula em 2022 estão no Nordeste, especialmente no Piauí (74,25%), na Bahia (69,73%) e no Maranhão (68,84%). Em números absolutos, os estados que mais deram votos ao ex-presidente foram São Paulo (10.490.032 de votos), Bahia (5.873.081) e Minas Gerais (5.802.571).

A despeito da onda bolsonarista que ganhou corpo no Sul e no Sudeste, Lula registrou duas vitórias expressivas em capitais da região. Na cidade de São Paulo, ele teve 47,54% dos votos válidos, ante 37,99% de Bolsonaro. Já em Porto Alegre, o ex-presidente bateu o atual mandatário por 49,83% a 39,11%.

A surpresa negativa foi a capital de Minas Gerais. No duelo contra Bolsonaro, embora tenha sido o campeão de votos entre os eleitores mineiros (48,29% a 43,60%), Lula perdeu em Belo Horizonte (42,53% e 46,60%).

Bolsonaro – que neste ano se candidatou à reeleição pelo PL – foi a 51.071.277 de votos e também cresceu. Sua votação, acima do que projetavam as pesquisas, foi turbinada na reta final pela migração de eleitores de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT).

No sábado (1), véspera da eleição, o Datafolha apontava que a chamada “terceira via” somava 11% dos votos válidos, sendo 6% de Tebet com e 5% de Ciro. Porém, os dois candidatos conquistaram, juntos, 7,20% dos votos. Ao que tudo indica, Bolsonaro pode ter tirado quase quatro pontos percentuais da terceira via em um dia, num voto útil antipetista.

Nas últimas eleições, o desempenho da terceira via foi substancialmente maior. Em 2018, Ciro teve 12,47% dos votos válidos no primeiro turno. Marina Silva, fundadora da Rede Sustentabilidade, marcou 19,33% em 2010 e 21,32% em 2014. Nos dois pleitos, a ex-ministra terminou em terceiro lugar.

Entre os atuais eleitores de Tebet e Ciro, é maior o contingente que admite votar em Lula, conforme o Datafolha. Além do mais, parte dos que preferiam Bolsonaro a Lula já anteciparam a mudança no primeiro turno.

Em suma: a esquerda está mais próxima de sua quinta vitória em disputas à Presidência não só porque Lula abriu 6,2 milhões de votos sobre Bolsonaro. O ex-presidente tem também mais potencial de atrair eleitores que optaram por outros candidatos no primeiro turno.

Vale frisar que o receio de uma abstenção elevada, que prejudicasse tão-somente Lula, não se confirmou. Em todo o País, 20,95% dos eleitores não compareceram às suas seções. Porém, o índice foi superior em colégios eleitorais decisivos para a votação de Bolsonaro, como São Paulo (21,63%) e Rio de Janeiro (22,76%). Só no estado de São Paulo, quase 7,5 milhões de eleitores não votaram.

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