Bolsonaro aposta na abstenção para levar a disputa ao segundo turno

Sem o funcionamento normal do transporte, os mais pobres, que têm declarado preferência por Lula, teria dificuldade de comparecer aos locais de votação

(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Bolsonaro aposta abertamente na abstenção de eleitores para levar a disputa ao segundo turno. É o que justifica o pedido da campanha dele ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para limitar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que obrigou municípios a manterem oferta de transporte público neste domingo (2).

Sem o funcionamento normal do transporte, a população mais pobre, que tem declarado preferência por Lula, teria dificuldade de comparecer aos locais de votação. O corregedor-geral eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, negou e classificou o pedido de “absurdo”.

“O argumento descamba para o absurdo, ao comparar a não cobrança de tarifa para uso de transporte público regular, em caráter geral e impessoal, com a organização de transporte clandestino destinado a grupos de eleitores, mirando o voto como recompensa pela benesse pessoal ofertada”, escreveu o corregedor na decisão.

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“O cenário descrito no pedido de providências, de risco generalizado de serem praticados crimes eleitorais nos centros urbanos com aval do STF, pode colocar pessoas de boa-fé em estado de alerta, trazendo insegurança, na véspera do pleito, quanto ao caráter lícito da gratuidade do transporte, onde for implementada, e quanto às consequências para gestores e eleitores”, completou.

O PL diz que a decisão do STF seria uma permissão ou incentivo aos chefes do poder municipal para o transporte gratuito de eleitores. O partido alegou que a legislação proíbe o fornecimento de transporte aos eleitores da zona urbana.

A decisão do STF foi no sentido de manter o transporte operando na normalidade e, nos municípios que já adotam a gratuidade aos domingos, essa condição seja mantida. Ou seja, houve atendimento parcial da ação da Rede que queria a gratuidade em todos os municípios.

Portanto, o pedido descabido do PL tinha como objetivo simplesmente aumentar a abstenção de eleitores. De acordo com O Globo, o ministro-chefe da Casa Civil e coordenador político da campanha, Ciro Nogueira, disse, em conversa com um aliado, que “somente um alto índice de eleitores ausentes na votação pode levá-lo [Bolsonaro] ao segundo turno”.

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