Rejeição a Bolsonaro e percepção sobre corrupção no governo seguem altas 

Pesquisa mostra que esforços do presidente para parecer ser o que não é não surtiram efeito. Índice dos que acreditam haver corrupção em seu governo também é elevado

Charge: Nando Motta

Os números trazidos pelo Datafolha desta quinta-feira (22) explicitam a percepção dos brasileiros sobre algumas das principais fragilidades do governo de Jair Bolsonaro (PL), mostrando que o esforço do presidente em se mostrar mais sensível e sensato e de tentar carimbar em Lula (PT) a marca da corrupção não surtiram o efeito desejado. É alta a avaliação de que há desvios graves na gestão bolsonarista, assim como é grande a rejeição ao presidente, fator que preocupa sua campanha. 

O levantamento mostra que 69% dos entrevistados acreditam que haja corrupção no governo, contra 23% que dizem não haver e 8% que não souberam responder. A percepção negativa é maior, 93%, entre os que reprovam a gestão de Bolsonaro. Entre os estudantes vai a 87%; entre os jovens de 16 a 24 anos é de 79% e no segmento de pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos fica em 73%. 

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Bolsonaro gosta de dizer que “extirpou a corrupção”, mas a verdade é que há diversos casos, seja no âmbito familiar, seja no governo federal, que contrariam seu discurso. Para citar apenas alguns, há as denúncias das rachadinhas envolvendo familiares, além da suposta aquisição de 51 imóveis, no valor total de R$ 26 milhões em dinheiro vivo, denunciada pelo portal UOL. 

No campo da administração pública, seguem pipocando evidências de pagamento de propina e uso de recursos do Ministério da Educação para beneficiar aliados, além das denúncias envolvendo a compra da vacina para a Covid-19 e o uso indevido dos recursos do orçamento secreto em favor da base bolsonarista e do Centrão.

Os números também são desfavoráveis a Bolsonaro quando o assunto é rejeição. Segundo a pesquisa, 52% dos eleitores não votariam no atual presidente de jeito nenhum. No caso de Lula, esse índice é de 39%. 

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A pesquisa Datafolha, encomendada pela Globo, ouviu 6.754 pessoas, entre 20 e 22 de setembro, em 343 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. O código da pesquisa na Justiça Eleitoral é: BR-04180/2022

“Tiro no pé”

Aliados de Bolsonaro avaliam que episódios recentes como o “imbrochável” no 7 de Setembro, ataques a mulheres jornalistas, seu comportamento no funeral da rainha Elisabeth 2ª e o recorrente discurso questionando a lisura do sistema eleitoral têm funcionado como um verdadeiro “tiro no pé”, de forma que Bolsonaro tem contribuído diretamente para sua própria ruína. 

Tais elementos vão na contramão de um movimento que vinha sendo orientado por sua campanha no sentido de Bolsonaro se mostrar mais equilibrado. 

Assim, o presidente chegou a se segurar em seus arroubos golpistas e até se desculpou por alguns dos absurdos que marcaram sua postura durante a pandemia, como a fala “e daí, não sou coveiro” e sobre comprar vacinas “na casa da tua mãe”. No entanto, ao que tudo indica, para boa parte da população, a tentativa de apagar todo o estrago que Bolsonaro e seu governo fizeram não está sendo bem sucedida.