Lula acena para o agronegócio sem rifar a pauta ambiental  

Caso eleito, o ex-presidente disse que o governo defenderá a demarcação das terras indígenas e será contundente contra crimes ambientais

(Foto: Reprodução)

Em entrevista ao Canal Rural, na noite desta quarta-feira (21), o ex-presidente Lula destacou a importância do agronegócio para o desenvolvimento da economia do país, mas com respeito a preservação da Amazônia. Caso eleito, ele disse que o governo defenderá a demarcação das terras indígenas e será contundente contra os crimes ambientais.

“Eu acredito na ciência quando ela diz que a Amazônia tem que ser preservada em benefício do planeta. Nós temos que estudar, pesquisar e saber o que podemos extrair da região em benefício do mundo e do Brasil”, defendeu.

De acordo com ele, não é correto ocupar uma terra que não se sabe se é boa para produção e querer desmatar.

“Por que temos que abrir campos e mais campos, deixar a terra degradada e sem recuperação? Vamos recuperar essas terras! Se desmatar uma área, plantar noutra. Por que o discurso fácil e atrasado de tem que derrubar e invadir? Isso é ignorância, não atitude empresarial”, afirmou.

Questionado sobre a pauta do marco temporal que se encontra no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente disse que é preciso respeitar as terras indígenas. “Gente, nós não precisamos das terras indígenas para fazer nada”, pontuou. Indagado ainda sobre a população de 800 mil indígenas possuir 14% do território brasileiro, Lula foi lacônico: “Só 14% para quem tinha tudo”.

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Além disso, o candidato mandou um recado para os criminosos: “Eu sou contra o garimpo ilegal e madeireiros que entrar na floresta para derrubar de maneira ilegal vai ser punido, não tem outro jeito”.

O candidato defendeu a produção agrícola sustentável, com respeito ao meio ambiente e sem invadir os biomas que não podem ser invadidos. Lula destacou que o Brasil tem 30 milhões de hectares degradados que podem ser recuperados e reutilizados, sem necessidade de novos desmatamentos.

“Se o Brasil quiser fazer uma agricultura desrespeitando qualquer regra internacional, o Brasil se prejudica. Por isso que os empresários brasileiros precisam ter bastante juízo e discutir que tipo de agricultura a gente quer. Se a gente quer uma agricultura de baixo carbono. Se a gente quer preservar os nossos biomas ou se a gente quer destruir”, disse.

Quebradeira

Com a edição da Medida Provisória (MP) 432, Lula lembrou que no seu governo evitou que o agronegócio quebrasse. A MP permitiu a securitização de dívidas que se arrastavam desde 1985. “Se a gente não tivesse feito aquela Medida Provisória e colocado 75 bilhões de reais, o setor tinha quebrado”, afirmou.

A renegociação facilitou a quitação das operações de crédito efetuadas nas décadas de 1980 e 1990. Com a redução de custos financeiros e ampliação dos prazos de pagamento, foram beneficiados 2,8 milhões de contratos.

“O Brasil é um país sui generis porque tem um potencial enorme de crescimento, sobretudo na agricultura. O que o Brasil conseguiu fazer nos últimos 30 anos na agricultura é uma revolução. É uma revolução tecnológica, é uma revolução na engenharia genética, é uma revolução na capacidade produtiva”, disse.

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