Protestos frustram tour eleitoreiro de Bolsonaro a Londres e Nova York

Em vez de adotar uma postura solene e protocolar, como se esperavam dos chefes de Estado presentes à cerimônia, Bolsonaro se limitou a fazer campanha na capital inglesa

Até aliados de Jair Bolsonaro (PL) reconheceram: a viagem do presidente a Londres, para participar do funeral da rainha inglesa Elisabeth II, foi marcada mais por notícias negativas que positivas. Há quem diga que foi um mico. O ministro Benedito Gonçalves, corregedor-geral eleitoral, já proibiu a campanha à reeleição de usar imagens do discurso de Bolsonaro na capital inglesa.

Em vez de adotar uma postura solene e protocolar, como se esperavam dos chefes de Estado presentes à cerimônia, Bolsonaro se limitou a fazer campanha. Mas seu tour eleitoreiro – que continuou na segunda-feira, com a viagem a Nova York (EUA) – foi frustrado pela cobertura da imprensa nacional estrangeira, bem como por diversos protestos contra o presidente brasileiro.

Ao se hospedar, a partir de sábado (18), na residência do embaixador brasileiro em Londres, Fred Arruda, Bolsonaro atraiu apoiadores ao local. Apesar do luto dos ingleses, os bolsonaristas faziam festa. “Vocês estão na Inglaterra. Demonstrem algum respeito”, reagiu, na segunda-feira (19), o aposentado britânico Chris Harvey, ao passar pelo ponto de encontro. “É o dia do funeral da rainha!”

Apesar da concentração de apoiadores, manifestantes foram em frente à residência do embaixador para denunciar o presidente. Houve bate-boca entre os dois lados. No domingo, Bolsonaro já havia sido o alvo de um protesto em Londres, que contou com a participação de familiares do jornalista britânico Dom Phillips, assassinado em junho no Amazonas.

O coletivo inglês Brazil Matters, organizador do ato, deixou uma mensagem à comunidade internacional: “Parem Bolsonaro pelo futuro do planeta”. Segundo Ali Rocha, ativista do coletivo, “o objetivo do protesto era não deixar o Bolsonaro, aqui, incontestado – não deixa-lo neste país sem ser desafiado em relação a todas essas políticas genocidas, destrutivas e criminosas”.

Na imprensa britânica, as críticas se avolumaram, como no jornal conservador Daily Mail: “Enquanto líderes globais chegam ao Reino Unidos para manifestar respeito pela rainha, o líder da direita radical populista Jair Bolsonaro fez um comício em tom agressivo da janela da embaixada de seu país incensando uma multidão com bandeiras”.

A chegada de Bolsonaro a Nova York não foi melhor. O presidente viajou à metrópole norte-americana para participar da 77ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Em meio à aglomeração de apoiadores, houve atos de repúdio contra ele.

Em frente ao hotel, Bolsonaro foi hostilizado. Manifestantes levaram faixas com as inscrições “Brazilian women against fascism” (brasileiras contra o fascismo) e “Next Stop: Bangu” [próxima estação: (Complexo Peninteciário de) Bangu]. Outra faixa, em português, citava “51 imóveis em dinheiro vivo”.

Houve também mensagens críticas ao presidente projetadas no prédio da ONU. Uma das peças mostrava o rosto de Bolsonaro abaixo da expressão “brazilian shame” (“vergonha brasileira”).

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