Lula critica Bolsonaro por orçamento secreto e por estimular o ódio no país 

“Pela primeira vez estamos vendo um presidente não cuidar do orçamento que é função dele. Virou refém do orçamento secreto”, disse Lula em coletiva

Foto: reprodução/Youtube

Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta sexta-feira (16) em um hotel de Porto Alegre, o ex-presidente Lula voltou a defender a criação de um Ministério dos Povos Originários, comandado por um indígena, falou sobre a situação do povo brasileiro, sua relação com o agronegócio e criticou a conduta do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Os milicianos que se apoderaram do país criaram um comportamento na sociedade a ponto de se agredir jornalistas, desafiar as pessoas, ofender a Suprema Corte”, disse. E acrescentou: “pela primeira vez na história do Brasil estamos vendo um presidente não cuidar do orçamento que é função dele. Virou refém do orçamento secreto; se esse orçamento fosse bom, não deveria ser secreto”. 

Lula também destacou que Bolsonaro “não governa porque não sabe governar; não conversa porque não sabe conversar e então ele vive de fake news, de contar mentiras. É assim que o país está sendo governado e vamos mudar isso”. Ele ainda disse que, caso seja eleito, pretende se reunir já no começo de seu mandato com governadores e prefeitos para repactuar as relações federativas e compreender as necessidades locais. “Não é possível um presidente que não converse com governador, com prefeito, com a ciência, como aconteceu na pandemia”, declarou. 

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Ao abrir a coletiva, o ex-presidente enfatizou: “Não me conformo de o país ter dado passos para trás e a gente ver a fome, o desemprego, a queda nos investimentos em ciência e tecnologia e na educação; a gente ver o Fundeb diminuindo e as crianças saindo da escola sem saber ler, sem saber matemática. Esse país não merece isso. Estou voltando a concorrer porque acredito que se nós ganharmos temos condições de recuperar esse país, de voltar a fazer esse povo ter alegria,  prazer e orgulho de ser brasileiro”. 

Questionado sobre a relação do agronegócio com o PT, Lula atribuiu a resistência de parte do setor a fatores ideológicos e ao patrimonialismo, uma vez que, lembrou, em seus governos houve avanços para o agronegócio. Ele citou como exemplos a MP 532/08, pela qual “financiamos R$ 75 bilhões de um dívida de R$ 89 bilhões. Se não fosse isso, o agronegócios teria quebrado”. Também recordou que “viajamos o mundo abrindo mercado porque não tenho preconceito com o agronegócio”. 

Ao mesmo tempo, Lula também defendeu o MST e a agricultura familiar, salientando que esta “pode conviver com agro”. Lula salientou que a “agricultura é imprescindível”, especialmente com o atual quadro de fome e miséria que atinge milhões de pessoas, e disse ser preciso aumentar a produção da agriculta familiar como forma de baratear os alimentos. “Todos vão produzir porque o Brasil e mundo precisam”, afirmou, acrescentado que é preciso garantir também alimentos de qualidade e com menos agrotóxico. 

O ex-presidente também defendeu a preservação de biomas como a Amazônia e o Pantanal e destacou que não é necessário ampliar o desmatamento, nem ocupar terras indígenas para viabilizar a agricultura. Salientando que o Brasil tem uma dívida com os indígenas, Lula voltou a defender a criação de Ministério dos Povo Originários, com um indígena no comando. 

Questionado sobre a abordagem recorrente da campanha bolsonarista de procurar desqualificar Lula com relação à corrupção, o ex-presidente apontou: “Meus processos já transitaram em julgado, nem deveria mais discutir isso. Sou o único culpado de ser inocente. Fui absolvido em 26 processos pela Suprema Corte e em dois processos na ONU”. E acrescentou: “quero saber se ele vai explicar os imóveis que comprou com aquela quantidade de dinheiro à vista”. Ele também pontuou as principais ações anti-corrupção dos governos Lula e Dilma.  

Lula também voltou a defender ações para enfrentar a fome, reconstruir a educação, reduzir a fila no INSS, retomar a valorização do salário mínimo, assegurar o piso da enfermagem e dos professores. 

Durante a coletiva, o ex-presidente esteve acompanhado de sua esposa Janja; da ex-presidenta Dilma Rousseff; do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP); dos deputados federais do PT Maria do Rosário, Paulo Pimenta e Gleisi Hoffmann, presidenta do partido; os candidatos ao governo Edegar Pretto (PT) e a vice, Pedro Ruas (PSol) e ao Senado, Olívio Dutra (PT) e a candidata a deputada estadual do PCdoB, Bruna Rodrigues, entre outros. 

Veja abaixo a íntegra da coletiva: