Em entrevista, Padilha declara voto em Lula e critica Moro e Bolsonaro

Ao Uol, ex-entusiasta da Lava Jato, o diretor de Tropa de Elite e O Mecanismo, diz que Moro é um “cara burro”

O cineasta José Padilha | Foto: Jaimie Trueblood/Netflix

O cineasta José Padilha, em participação no Uol Entrevista desta quinta-feira (15), declarou que nas eleições de outubro, entre o Bolsonaro e o ex-presidente Lula, ele prefere votar no petista. Na ocasião, ele ainda teceu críticas ao ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, a quem chamou de “intelectualmente limitado” e também criticou o fato do ex-juiz ter embarcado no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Ex-lavajatista arrependido, o cineasta narrou o primeiro e único encontro que teve com o ex-ministro, enquanto produzia um documentário e se disse “impressionado”. O diretor dos filmes ‘Tropa de Elite’ e da série ‘O Mecanismo’, retratou o então juiz da Lava Jato como herói nacional.

“O Moro é um cara burro. Ele não entende o que está acontecendo em volta dele, não tem capacidade de jogo de cintura e faz o que ele fez ali em Curitiba. Ele toca um processo corajoso, mas não tem capacidade nenhuma de avaliar o que está em volta dele. Tanto é assim que ele entrou para o governo do Bolsonaro. Qualquer pessoa com dois neurônios que fez o que ele fez não entraria no governo do Bolsonaro”, afirmou durante entrevista.

Segundo Padilha, a conversa aconteceu porque o ex-ministro “embargava” qualquer tentativa de conversa entre o cineasta e pessoas da Polícia Federal para a produção de seu documentário. “Qualquer pessoa que eu tentava falar para o documentário o Moro embargava. Ele não deixava eu falar com as pessoas, ligava para a Polícia Federal e falava ‘você não pode falar com o Padilha’. Ele começou a ficar com medo do documentário que eu estava fazendo”, contou.

O cineasta disse ainda que avisou ao ex-juiz, através de um amigo, que entrar para o governo Bolsonaro destruiria a reputação dele. “Você vai apoiar um miliciano. Você não é um cara contra a máfia que se espelhou no [Giovanni] Falcone, da Itália? Você vai juntar-se à máfia, porque a milícia é máfia”. O aviso foi dado antes de Moro se tornar ministro da Justiça.  

Padilha disse que no filme “Tropa de Elite 2” há uma premonição do que aconteceu no Brasil após Bolsonaro vencer as eleições em 2018. “No plano final do filme, que é uma aérea, a gente vê um deputado, um chefe de segurança do Estado que se elegeu com o voto da milícia para o Congresso em Brasília. Esse deputado existe e só não vou dizer quem é”, começou. “Tem uma conversa do Nascimento em cima desse plano que é premonitória. Ele está dizendo ‘a milícia vai chegar aqui, a milícia vai chegar aqui’, e com o Bolsonaro, a milícia chegou à presidência de República”.

Voto em Lula

“Não acho que seja a solução. A única condição em que voto no Lula é quando ele está concorrendo com o Bolsonaro”, afirmou Padilha ao Uol.

No ano passado, em entrevista à revista Fórum, o cineasta já havia dito que votaria no petista para derrotar Bolsonaro. Na ocasião, ele disse que apenas um “desconectado da realidade” poderia considerar o presidente honesto. “É impossível cometer um erro maior do que esse. Tem que ser um sujeito completamente descolado da realidade para achar que o Bolsonaro se tornaria honesto e ético do nada. É uma inocência e falta de sensibilidade brutal, típica das pessoas que se acham acima do bem e do mal”, disse.

Assista a entrevista na íntegra aqui.

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com informações de agências

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