Na Saúde, reduzir filas do SUS é prioridade de Lula

Segundo a campanha, a prioridade absoluta é reduzir o tempo de espera ao acesso a diagnóstico de câncer, médicos especialistas, cirurgias eletivas e saúde mental

Lula participa da Conferência Livre, Democrática e Popular de Saúde, e em Defesa e Valorização do SUS, na Casa de Portugal em São Paulo | Foto: Ricardo Stuckert

Propostas que vão desde a reconstrução do SUS (Sistema Único de Saúde) ao fortalecimento da Atenção Primária até à retomada do Plano Nacional de Imunizações (PNI), têm sido constantemente colocadas em pauta durante o processo eleitoral, ao mesmo tempo em que Brasil enfrenta uma alta demanda por consultas, exames e cirurgias devido ao represamento de serviços na Saúde durante a pandemia – e da péssima gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Para o ex-presidente Lula (PT) e líder nas pesquisas de intenção de voto, a área da saúde tem sido tratada com descaso pelo atual governo e promete trabalhar para garantir um SUS público e universal. Segundo ele “é urgente dar condições ao SUS para retomar o atendimento às demandas que foram represadas durante a pandemia, atender as pessoas com sequelas da covid-19 e retomar o reconhecido programa nacional de vacinação.”

Além disso, o programa de governo do ex-presidente também visa a retomada do programa Mais Médicos (iniciativa que visava suprir a carência de profissionais da saúde em regiões de difícil acesso e que contou com o recrutamento de médicos cubanos) e a reconstrução e fomento ao Complexo Econômico e Industrial da Saúde.  

Filas no SUS

A redução da fila de espera no SUS é um dos desafios do próximo governo. Em entrevista ao Portal G1 nesta terça-feira (13), o coordenador de Saúde da campanha petista e ex-ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff, Alexandre Padilha, disse que “a prioridade 1 é mobilizar todos os equipamentos estaduais, municipais, hospitais filantrópicos, serviços privados que podem ser contratados, formação de especialistas para reduzir o tempo de espera a acesso a diagnóstico do câncer, médicos especialistas, cirurgias eletivas e saúde mental, essa é a prioridade absoluta. O povo brasileiro não aguenta esperar mais nas filas para cirurgia eletiva, para consulta com médico especialista, para diagnóstico de câncer, acesso à saúde mental”.

O coordenador de Saúde da campanha de Lula (PT) à Presidência, Alexandre Padilha — Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Segundo ele, a campanha de Lula propõe a realização do “mutirão do SUS” para, inicialmente, desafogar as filas. A equipe do presidenciável também quer mobilizar a estrutura da Saúde para dar celeridade às cirurgias, além de criar um programa de “transporte da Saúde”, que atenderia pequenos municípios e ajudaria no transporte de pacientes até os locais dos exames ou cirurgias.

“É um programa necessário e tem demanda importante de estados e municípios. Para garantir um cuidado humanizado de pessoas que vivem em municípios pequenos ou regiões metropolitanas. É uma espécie de SAMU especializado”, afirmou Padilha.

Além das filas no SUS, Alexandre Padilha falou também de temas como: investimento no setor, baixa cobertura vacinal, acesso aos medicamentos e valores de procedimentos.

Vacinação

Conforme defendido em seu plano de governo, o PT pretende ampliar os recursos para as campanhas nacionais de vacinação. Também quer aumentar o engajamento do governo, com mais pronunciamentos em rede aberta a favor das vacinas. Outro ponto defendido pela campanha é incluir as escolas nas campanhas. “A gente fez a vacinação na escola e criamos o programa Saúde na Escola, que precisa ser retomado para reforçar a adesão”, disse Padilha.

Segundo ele, a interrupção da oferta de determinadas vacinas aumenta o problema. “A mãe chega ao posto de vacina e não tem a BCG, pentavalente. Nós não deixaremos isso acontecer”, completou.

Investimento em saúde

Durante a entrevista ao G1, Padilha disse que, um eventual governo, Lula “tem o compromisso nítido de reverter a retirada de recursos da saúde” e salientou que metas detalhadas sobre o assunto “só é possível fazer quando terminar o governo Bolsonaro”, afirmou.

Acesso a medicamentos

Para o acesso à medicação, a campanha pretende impulsionar o programa Farmácia Popular, programa criado no governo do ex-presidente Lula com objetivo de distribuir gratuitamente medicamentos para pessoas em condição de vulnerabilidade – e que sofreu um corte de 60% no seu orçamento para o próximo ano.

De acordo com Padilha, o PT vai “analisar a possibilidade de ampliar os medicamentos que são oferecidos. Podemos programar uma ampliação para outros problemas de saúde crônicos que, atualmente, não são atendidos”.

Valores dos procedimentos

Essa é uma das maiores queixas feitas por prefeitos e governadores sobre os valores pagos pela União por procedimentos hospitalares realizados nos estados e municípios. Nesse quesito, a campanha do PT defende reestruturar o financiamento da rede. “Não podemos fazer uma correção linear, como se tudo tivesse a mesma prioridade”, afirma Padilha.

Ele defendeu que os repasses do governo federal sejam feitos a partir do resultado, como na remissão no tratamento do câncer, por exemplo, e não por cada procedimento.

Autor