Empresários querem maior interlocução com novo governo e volta de ministério

Em reunião com o ex-presidente Lula, representantes do setor defenderam o retorno do Ministério da Indústria e do Comércio e ações de estímulo ao desenvolvimento

Foto: Ricardo Stuckert

Insatisfeitos com as dificuldades de interlocução entre o setor produtivo e o governo de Jair Bolsonaro (PL) e avaliando que é preciso haver espaços próprios para esse diálogo, executivos do setor industrial defenderam, em reunião com o ex-presidente Lula (PT), a recriação do Ministério da Indústria e do Comércio. Outro ponto abordado foi a necessidade de que a atividade industrial ganhe novo impulso no rumo da retomada de políticas de desenvolvimento, inclusive na área da infraestrutura. 

A reunião entre Lula e representantes do setor ocorreu na terça-feira (6) e, segundo informou O Estado de S.Paulo, uma fonte classificou o encontro como “moderado, pé no chão e ao centro”. Estiveram presentes representantes de Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Qsaúde, Siemens, Iochpe e Alstom, entre outros. 

A volta do ministério também foi defendida pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), em documento no qual lista 60 reivindicações para o próximo governo.

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A visão desenvolvimentista de Lula não é novidade e vai ao encontro dos anseios do setor, que sofreu revezes nos últimos anos. Atualmente, a indústria responde por 18,9% do PIB — esse índice chegou a mais de 23% sob os governos do ex-presidente. Agora, nos últimos 12 meses, segundo dados do IBGE, a produção industrial acumulou queda de 2,8%. Além disso, somente em 2020, sob o governo Bolsonaro, 2.865 mil indústrias encerraram as atividades.

Nos discursos e no programa de Lula, a recriação da pasta, bem como a reindustrialização do país — tendo o Estado como indutor do desenvolvimento e fator fundamental para o crescimento e para a geração de emprego e renda — têm tido papel central.

“É preciso fortalecer e modernizar a estrutura produtiva por meio da reindustrialização, do fortalecimento da produção agropecuária e do estímulo a setores e projetos inovadores. Devemos fortalecer a empresa nacional, pública e privada, com instrumentos como financiamento, compras governamentais, investimento público, ampliando e agregando valor à produção, com ênfase em inovações orientadas para a transição ecológica, energética e digital”, diz o programa.

Em outro ponto, o documento salienta ser “imperativo elevar a taxa de investimentos públicos e privados e reduzir o custo do crédito a fim de avançar com uma reindustrialização nacional de novo tipo, acoplada aos novos desenvolvimentos da ciência e da tecnologia. Faz parte desse esforço o desafio de reverter a desnacionalização do nosso parque produtivo e modernizá-lo”. 

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