Em Nova Iguaçu (RJ), Lula defende direitos para trabalhadores de aplicativos

Ex-presidente afirma que eles devem ter jornada de trabalho, descanso semanal remunerado, férias e seguridade social

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que vai e trabalhar para garantir os direitos dos trabalhadores de aplicativos, como motoristas e entregadores. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (8), em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, em ato ao lado de Marcelo Freixo e André Ceciliano, candidatos ao governo do Rio de Janeiro e ao Senado pelo estado, respectivamente, além de lideranças locais e nacionais, como a ex-presidenta Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann, Benedita da Silva e Jandira Feghali.

Ele voltou a dizer que irá discutir a volta de direitos trabalhistas a partir de janeiro, se vencer as eleições deste ano para o Palácio do Planalto. O ex-presidente tem dito que vai rever pontos da reforma trabalhista aprovada no governo de Michel Temer, mas diz que a intenção não é voltar para a CLT antiga, e sim modernizar o texto para prever novas formas de trabalho, mas que garantam os direitos, por exemplo, de trabalhadores de aplicativos.

“Acabaram com a carteira profissional. Eu quero saber, cadê os empregos criados pela carteira verde e amarela? O que nós temos são milhões de trabalhadores na economia informal, sem nenhum direito, sem descanso semanal remunerado, trabalhadores sem direito a férias, sem direito a seguridade social. E eles ainda inventaram que as pessoas são microempreendedores”, lamentou Lula.

O ex-presidente ainda deu como exemplo, entre os trabalhadores de aplicativos, o entregador que não ganha o suficiente para comprar um prato da comida que ele mesmo está entregando.

“O que nós queremos é que esse trabalhador tenha direitos, que ele possa ter Natal, Ano Novo. Esse são direitos que, podem ter certeza, se a gente ganhar as eleições, a partir do dia 1º de janeiro a gente vai começar a discutir os direitos do povo brasileiro de volta. Nós abolimos a escravidão em 1888 e não queremos mais ser escravo de ninguém”, completou.

Lula disse que, a partir de janeiro de 2023, o salário mínimo vai aumentar todo ano, acima da inflação. O ex-presidente lembrou que Bolsonaro não vai dar aumento real ao salário mínimo, pois não consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias, que prevê os gastos e investimentos do orçamento da União para o próximo ano.

De acordo com a legislação atual, o salário mínimo deve ser reajustado, a cada ano, de acordo com a variação da inflação mais a variação do crescimento do Produto Interno Bruto, pelo menos.

Ao criticar a flexibilização do porte e posse de armas, bandeiras de Bolsonaro, Lula afirmou que, se eleito, criará um “sistema de escola integral para toda criança ficar na escola o dia inteiro” e para que nenhuma mãe sinta medo de ter o filho atingido por uma bala.

“O homem de Deus não quer arma”, afirmou. “A gente vai moralizar este país, e a gente vai dizer que nós não queremos morrer. Nós queremos dizer porque nós amamos a vida, e a vida é o dom maior que Deus deu para nós”, disse Lula.

Sete de Setembro

Lula comparou os atos bolsonaristas de Sete de Setembro a uma reunião da Ku Klux Kan, o grupo americano de supremacistas brancos que prega a inferioridade do povo negro. “O ato do [Jair] Bolsonaro parecia uma reunião da KKK, só faltou o capuz”, afirmou Lula.

Não havia pretos e pardos nos eventos que reuniram milhares de brasileiros nesta quarta (7), segundo o petista. “O artista principal era o velho da Havan”, afirmou sobre o dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang, um dos alvos de operação da PF contra empresários bolsonaristas.

Hang seria como um Louro José, o papagaio que auxiliava a apresentadora Ana Maria Braga, disse Lula, participando ativamente na campanha do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

Para Lula, Bolsonaro “roubou” e se “apoderou” de uma comemoração que era para ser da população brasileira. Na quarta (7), Bolsonaro misturou eventos cívicos em comemoração aos 200 anos da Independência, em Brasília e no Rio de Janeiro, com campanha eleitoral. Em cima de um caminhão de som, ele chegou a pedir votos. 

“Ontem, [Bolsonaro] roubou do povo brasileiro o direito de comemorar o Dia da Independência, porque ele se apoderou, da forma mais vergonhosa, de um dia que é de 215 milhões de brasileiros, e não dele. E fez de uma festa do nosso país, uma festa pessoal”, afirmou Lula.

A socióloga Rosângela da Silva, a Janja, esposa de Lula, ironizou uma fala em que Bolsonaro chamou de princesa sua mulher, Michelle, e incitou o público do ato do 7 de Setembro a comparar primeiras-damas pouco antes de se dizer “imbrochável”.

“Queria que todo mundo acendesse as luzes dos celulares para ver se tem alguma princesa aqui”, provocou Janja na Baixada Fluminense, para emendar na sequência: “Não tem, aqui só tem mulher de luta”.

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também rebateu a fala em que Michelle Bolsonaro disse que no passado o Palácio do Planalto era consagrado a demônios e que, sob a guarda de seu marido, é dedicado a Jesus.

“Eu me indignei”, disse Dilma na Baixada Fluminense. “Jamais na minha época e na do presidente Lula teve demônios no Palácio. Agora tem.”

Os novos capetas, segundo Dilma, são encarnados naquele que trouxe doença, não garantiu vacina contra a Covid-19 para o povo e devolveu 33 milhões de brasileiros para a fome.

Investimentos no Rio de Janeiro

O ex-presidente também afirmou que retomará as obras em todo o estado do Rio de Janeiro. “Freixo, se prepare, eu sei que você está com plano para recuperar a ferrovia aqui no Rio de Janeiro, você quer fazer uma coisa moderna. Então, eu vou lhe falar: pode preparar o projeto porque eu vou ganhar as eleições e vou voltar a investir para que o povo da baixada seja tratado com respeito, seja tratado com decência, porque é tudo que queremos na vida”, declarou o ex-presidente.

O candidato ao governo do estado assumiu o microfone para dizer que a baixada fluminense é lugar de pessoas com consciência política. “A baixada não é lugar de gado, é lugar de voto consciente, de luta popular, de conquistas, e é isso que nós vamos mostrar na urna dia dois de outubro”, afirmou.

Freixo disse ainda que o governo Bolsonaro destruiu os direitos trabalhistas e as oportunidades de emprego no país. “O que o povo quer é emprego, trabalho, dignidade, e é isso que a gente vai entregar pra esse povo, Lula, no Rio de Janeiro e no Brasil inteiro. A gente precisa do governo federal para investir no trem, que está abandonado, reformar as estações, a supervia tem 270 km e passa por 11 municípios. E eu quero avisar: nós vamos colocar o Rio de pé, nós vamos ganhar a eleição”, comentou.

No ato, o candidato ao Senado, André Ceciliano, recordou o legado de Lula no estado do Rio de Janeiro, como o programa Minha Casa, Minha Vida, que entregou 106 mil moradias, as obras de metrô, VLT, BRT e outras ações que geraram emprego e renda em cidades como Campos, Duque de Caxias, Niterói e Petrópolis, e na capital.

“No tempo do presidente Lula o povo tinha comida na mesa, emprego, lazer no final de semana com um churrasquinho e uma cervejinha. Hoje, o que nós vemos é desemprego e fome, famílias inteiras morando na rua”, disse o candidato ao Senado.

Na educação, por exemplo, cinco novos campi de universidades federais e 22 novas escolas técnicas foram construídas, além de outros 117 mil alunos beneficiados pelo Prouni, 138 mil pelo FIES e quase meio milhão de matriculados no Pronatec. “Ele (Bolsonaro) não trouxe nenhum real de investimento para a Baixada Fluminense. Nenhum real para a favela.”

A agenda de Lula no Rio de Janeiro segue nesta sexta-feira, quando ele e Geraldo Alckmin participam de um encontro Evangélicos com em São Gonçalo, às 10h, no Centro Cultural Seven Music. O evento será transmitido pelas redes do ex-presidente.