Festa do Avante! firma-se como grande encontro da esquerda em Portugal

O Partido Comunista Português (PCP) realizou, no último fim de semana, a 46ª edição da Festa do Avante!, evento que foi criado em 1976, como grande celebração cultural e política à Revolução dos Cravos, que dois ano antes havia libertado o país de mais de 40 anos de ditadura. Desde então, o Avante! cresceu e tornou-se muito mais do que isso. Hoje é um festival que reúne partidos e movimentos de todos os cinco continentes. Um grande fórum de debates e solidariedade internacional que revigora os sonhos dos comunistas de todas as partes.

O PCdoB esteve presente mais uma vez e levou a mensagem das esquerdas brasileiras neste momento em que há grande expectativa, no país lusitano, pela eleição de Lula e a superação dos tenebrosos efeitos da ascensão da extrema direita no país, nos últimos anos. O partido participou de duas mesas, durante o evento, sendo uma de solidariedade ao Brasil e outra de apoio à resistência da América Latina na atual conjuntura. Também foi montada a barraca do PCdoB, com a venda de camisetas, a distribuição de materiais informativos e o intercâmbio com militantes de Portugal e de diversos países.

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Essa foi a primeira Festa do Avante! que recuperou toda a sua estrutura e público desde a chegada da pandemia da Covid-19. O Partido Comunista Português chegou a realizar o evento nos anos de 2020 e 2021, mas com inúmeras restrições e adaptações, de forma a preservar a vida e evitar aglomerações. Agora, em 2022, o Avante! voltou à sua grande forma. Atrações para todas as idades, incluindo crianças e bebˆs, tomaram conta da Quinta do Atalaia, na região do Seixal, incluindo exposições, feiras, esporte, gastronomia, exposições, atos políticos e grandes atrações musicais que mobilizam o povo português. Uma festa para a família portuguesa.

Por falar nisso, os artistas que se apresentaram na Festa do Avante! estiveram no centro do debate público em Portugal por conta do questionamento de setores que atacam o Partido Comunista Português nos últimos meses. Por conta da posição dos comunistas na Guerra da Ucrânia, que optaram pela paz e pela isenção em relação ao conflito, o PCP tornou-se alvo. O radicalismo de militantes pró-Ucrânia se estendeu aos artistas, que foram intimidados para não se apresentarem na Festa. Apesar disso, os shows aconteceram, com animação, pluralidade, democracia e sem censuras, como é da tradição da Festa do Avante! ao longo de todos esses anos.

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Foi também uma edição da festa com forte componente da política local portuguesa, após as últimas eleições parlamentares no país, em janeiro. O fim da Geringonça – o governo que contou com a participação das forças de esquerda na gestão de Antonio Costa, do Partido Socialista (PS) – marca a partir de agora um novo ciclo para o PCP. Em seu comício de encerramento do Avante!, o secretário geral do PCP Jeronimo de Sousa criticou a postura de Antonio Costa e do PS pelo seu alinhamento às forças reacionárias do país para uma política que retira direitos e prejudica os trabalhadores.

Para o Brasil, a 46ª Festa do Avante! foi também um espaço de troca e aprendizado valiosos para o desenvolvimento da nossa própria festa comunista, o Festival Vermelho, que teve sua primeira edição realizada no último mês de março. As conversas com os camaradas portugueses e de todo o mundo, assim como o conhecimento adquirido em cada espaço do Avante!, ao longo de três dias, são de grande importância para que o Brasil também possa, em breve ter uma das principais celebrações da esquerda no nosso continente e no mundo.

Após 46 anos, a Festa do Avante! caminha para meio século de celebração da esperança e dos valores revolucionários portugueses que inspiram também a nossa luta no Brasil. Estaremos de volta, em 2023, para continuar a nossa história e dar a nossa mais dedicada colaboração. Como se diz em Portugal, não há festa como essa. Viva o Avante! Viva o socialismo. Vamos em frente.