Pesquisa mostra que desemprego é o que mais aflige boa parte da população

Levantamento Ipec aponta que ao menos 43% têm neste problema a principal fonte de preocupação. Para quem tem renda familiar mensal de até um salário mínimo, índice vai a 53%

Foto: Agência Brasil

O desemprego segue sendo uma das principais preocupações dos brasileiros sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), levantando maior temor entre os mais pobres e as mulheres. Pesquisa Ipec mostra que este problema aflige com maior intensidade ao menos 43% da população — ou 73 milhões de pessoas em todo o país. 

A pesquisa — que ouviu 2 mil pessoas acima de 16 anos — aponta ainda que a falta de emprego preocupa mais as mulheres, 45%, do que os homens, 40%, o que demonstra que é a fatia feminina da população a mais atingida pela crise socioeconômica dos últimos anos. 

Além disso, o levantamento aponta que também figuram entre os que mais temem o desemprego as pessoas que pararam de estudar no ensino médio, (46%) e que sofrem com maior vulnerabilidade social — 53% dos que têm renda familiar mensal de até um salário mínimo. 

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Quando os dados são analisados por regiões e dentro das próprias cidades, também fica evidente que o desemprego levanta maior preocupação entre as populações que vivem sob estado de maior desigualdade. No Nordeste, essa apreensão é predominante para 46%; nas periferias dos grandes centros urbanos chega a 51% e nas capitais, vai a 39%. Além disso, o desemprego preocupa mais a faixa entre 16 e 44 anos (49%) do que com 60 anos ou mais (33%). 

A carteira assinada, que traz maior estabilidade e direitos para o trabalhador, continua sendo o sonho de boa parte dos brasileiros (59%) apesar de todo o desmonte trazido com as últimas reformas e com o discurso de valorização do “empreendedorismo individual”.

A redução recente no desemprego, que tem sido festejada por Bolsonaro como suposto resultado de seu governo, é relativizada por quem estuda a questão. Em reportagem publicada pelo O Globo, Fernando Veloso, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), explica que esse viés considera apenas as pessoas que estão procurando emprego, deixando de fora 4,2 milhões que já desistiram. “Se esses voltassem ao mercado de trabalho, a taxa de desemprego seria de dois dígitos. Já os subocupados, os que gostariam de trabalhar mais horas, ainda somam 6,5 milhões”, escreve a reportagem. 

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Vale destacar ainda a grande quantidade de pessoas que está há mais de dois anos sem uma vaga — de acordo com o Ibre/FGV, esse número gira em torno de 3 milhões, 30% do total. 

Outras questões colocadas como pontos de preocupação pelos entrevistados na pesquisa são corrupção (36%), saúde (33%), educação (28%), inflação (18%), segurança pública (17%) e pobreza/fome (17%).