Em busca da reeleição, governadores abandonam Bolsonaro

Nos estados onde Bolsonaro perdeu boa parte dos eleitores de 2018 e segue com rejeição elevada, a regra das campanhas locais é pragmática: quanto mais longe do presidente, melhor.

Os governadores Cláudio Castro (RJ) e Romeu Zema (MG)

Eles eram desconhecidos em 2018, mas foram eleitos de modo surpreendente, no rastro da onda bolsonarista e antiestablishment. Como governadores, mantiveram-se lado a lado com o Planalto e não criticaram o presidente nem nos momentos mais sombrios da pandemia de Covid-19. A exemplo de Jair Bolsonaro (PL), são conservadores na ideologia e ultraliberais na economia.

Só que agora Cláudio Castro (PL-RJ) e Romeu Zema (Novo-MG) buscam novos mandatos em estados onde Bolsonaro perdeu boa parte dos eleitores de 2018 e segue com rejeição elevada. Por isso, a regra dessas campanhas à reeleição é pragmática: quanto mais longe do presidente, melhor.

O caso de Castro, vice-governador que assumiu o Palácio Guanabara após o impeachment do titular, Wilson Witzel, é mais emblemático porque se trata de um candidato do partido de Bolsonaro. Conforme destacou o Estadão nesta sexta-feira (2), o governador “tem usado pouco a imagem do presidente nas redes sociais e na TV. Mas por pressão do PL, a ideia é que Bolsonaro entre em comerciais nas próximas semanas, só que de forma moderada e falando de economia e Auxílio Brasil”.

Castro não queria acompanhar Bolsonaro no ato golpista do próximo dia 7, feriado da Independência. Mas foi enquadrado e correrá o risco de ser vinculado a qualquer mensagem antidemocrática do presidente.

Em Minas Gerais, Bolsonaro continua fazendo acenos a Zema, que lidera as pesquisas de intenções de voto. Mas a propaganda do governador excluiu cenas de aparições conjuntas dos dois mandatários. A avaliação é que Zema só tem a perder se aderir “pra valer” à campanha Bolsonaro.

Segundo o Estadão, para tentar eleger Zema no primeiro turno, “seu entorno tem incentivado um movimento chamado ‘Luzema’ (voto casado em Lula e Zema). Assim como nos casos do ‘Lulécio’ (voto em Lula e Aécio Neves em 2002 e 2006) e ‘Dilmasia’ (voto em Dilma Rousseff e Antonio Anastasia em 2010), o ‘Luzema’ não tem chancela oficial, mas pode ser visto em adesivos, bonés e memes nas redes sociais”. Há partidos, como o Solidariedade, que apoiam tanto Lula quanto Zema.

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