Auxílio Brasil fracassa como grande aposta eleitoreira de Bolsonaro

Entre os beneficiários do programa, vantagem de Lula sobre Bolsonaro é ainda maior: 54% a 29%.

A nova rodada da pesquisa Ipec, divulgada nesta segunda-feira (29) pela TV Globo, confirma o fracasso do Auxílio Brasil como grande aposta eleitoreira do presidente Jair Bolsonaro (PL). Mesmo turbinado temporariamente em 50% – passando de R$ 400 para R$ 600 –, o benefício não mudou as preferências do eleitorado brasileiro.

Em agosto, o auxílio chegou à casa de 20 milhões de famílias, que, invariavelmente, sofrem com o desemprego, a inflação e a miséria. Apesar de sua abrangência, o projeto não foi capaz de alavancar a candidatura de Bolsonaro à reeleição.

Conforme o Ipec, tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto o atual mandatário, Bolsonaro, manteve os percentuais de intenção de voto que tinham na pesquisa anterior, de 15 dias atrás. Lula aparece com 44%, contra 32% de Bolsonaro.

Entre os beneficiários do Auxílio Brasil, porém, a vantagem do petista é ainda maior. Lula tem 54% nesse segmento do eleitorado, e Bolsonaro, apenas 29%. A oscilação do presidente em 15 dias – uma alta de dois pontos percentuais – ocorreu dentro da margem de erro.

Segundo o jornalista Thomas Traumann, colunista do jornal O Globo, a mudança na percepção do eleitorado não tende a ser instantânea – o que afeta o presidente cujo governo tem 43% de desaprovação. A quase um mês para o primeiro turno das eleições presidenciais, a corrida contra o tempo pode ser inútil.

“Em 2020, quando o governo Bolsonaro lançou o Auxílio Emergencial, foram quatro meses até a aprovação da gestão superar a desaprovação. Desta vez, em função da propaganda eleitoral, é possível que a mudança de opinião ocorra em menos tempo, mas o prazo é incerto”, diz Traumann.

O jornalista lembra que, de acordo com “pesquisas qualitativas encomendadas por bancos de investimentos”, os beneficiários desconfiam de Bolsonaro – e com razão. Segundo esses eleitores, “o benefício já foi suspenso antes, na virada do ano”, o que dá “credibilidade à campanha petista de que uma eventual reeleição de Bolsonaro não garante a continuidade do Auxílio a partir do ano que vem”.

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