28º Grito dos Excluídos/as: “Brasil: 200 anos de (In)dependência. Para quem?”

Tradição no 7 de setembro, marcha vai às ruas durante as comemorações do bicentenário de independência contestar a soberania nacional na construção do projeto popular.

Imagem: Grito dos Excluídos/as

Desde 1995 o Grito dos Excluídos e Excluídas vai às ruas do Brasil no dia 7 de setembro para fazer um contraponto ao Grito da Independência. Neste ano não poderia ser diferente, ainda mais com a marca do bicentenário de independência (1822 -2022) com a qual o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) pretende fazer uso político.

Com o tema “Brasil: 200 anos de (In)dependência. Para quem?”, a organização que reúne grupos religiosos, movimentos sociais e organizações da sociedade civil traz sete eixos de reflexão: (1) Violência estrutural, (2) Dívida pública, dívidas sociais e direitos humanos, (3) Educação popular e trabalho de base, (4) Soberania alimentar: agricultura familiar no combate à fome e ao agronegócio, (5) 3 Ts Terra, Teto e Trabalho, (6) Democracia participativa e democracia representativa e (7) Defesa dos Territórios.

O Grito é um processo de construção coletiva que acontece durante todo o ano e culmina do dia 7 de setembro para lutar por direitos.

Os articuladores/as   e   voluntários/as se articulam em torno do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), órgão vinculado à CNBB (Conferência dos Bispos do Brasil). A coordenação do movimento reúne a Comissão 8 da CNBB,  o Movimento  dos  Atingidos por Barragens (MAB), Cáritas Brasileira (CB), Central dos Movimentos  Populares  (CMP), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Pastoral Operária (PO), Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), Romaria  dos/as  Trabalhadores/as,  Comissão  Pastoral  da  Terra (CPT), Rede Jubileu Sul Brasil, Juventude Operária Católica  (JOC),    Pastoral    Afro    Brasileira    (PAB), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Pastoral da Mulher Rua, Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Pastoral da Juventude (PJ), Pastoral Carcerária (PCR), Serviço Franciscano de Assistência (SEFRAS) e continua  aberto a quem quiser comprometer-se com o Grito.

Coletiva e endereços

No dia 01 de setembro está marcada para acontecer uma coletiva de imprensa do Grito dos Excluídos/as referente à organização da 28º edição. A coletiva terá a participação de Dom José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo/MA e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sócio Transformadora da CNBB; Márcia Mura, Indígena do Povo Mura do Baixo Madeira/RO e Arte-educadora, escritora e pesquisadora do Núcleo de Estudos em História Oral e grupo Wayrakuna, formado por indígenas mulheres; Ângela Guimarães, Presidente Nacional da União de Negras e Negros pela Igualdade (UNEGRO) e membro da Frente Nacional Antirracista, Convergência Negra e Coalizão Negra por Direitos.

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No dia 7 de setembro ocorrem as marchas por todo o Brasil, em capitais e em cidades do interior. Confira algumas concentrações para os atos em capitais com endereços já confirmados:

Belo Horizonte -9h – Praça Vaz de Melo, Av. Antônio Carlos com Rua Além Paraíba.

Porto Alegre (RS) – 9h – Igreja São José do Murialdo, rua Vidal de Negreiros, 550 – Partenon. 

Recife (PE) – 8h – Parque Treze de Maio, R. Mamede Simões, 111 – Boa Vista.

São Paulo (SP) – 9h – Praça da Sé, centro de São Paulo.

Vitória (ES) – 8h – Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), campus de Goiabeiras, Av. Fernando Ferrari, 51.

Confira a carta de apoio da CNBB ao 28º Grito dos Excluídos e Excluídas

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora

N° 0268/22 Brasília, 23 de agosto de 2022.

Senhores Bispos, agentes de pastorais, lideranças!

O Grito dos Excluídos e Excluídas chega ao seu 28º ano com força e ânimo renovado, fruto da Campanha da Fraternidade de 1995, cujo tema era “Fraternidade e os excluídos” e o lema: Eras tu, Senhor?”. A 34ª Assembleia Geral da CNBB, em 1996, realizada em Itaici/SP, assume que “o Grito dos Excluídos será celebrado anualmente, em nível nacional, no dia 07 de setembro, retomando preferentemente o tema da Campanha da Fraternidade” (Documentos da CNBB 56, nº 129).

O tema permanente do Grito, Vida em Primeiro Lugar, nos convoca para ações efetivas em defesa de todas as formas de vida que se encontram ameaçadas. Ainda estamos em tempo de pandemia do coronavírus; todo o cuidado é necessário. Por isso, o nosso chamado à vacinação. Milhares de famílias sofrem por ter perdido seus entes queridos, fruto de uma cultura negacionista e da falta de vontade em resolver as questões da saúde. O avanço do desmonte de direitos sociais e do próprio estado democrático, com a disseminação da cultura do ódio, sustentada pelas notícias falsas manifestadas nas redes sociais são sinais do descaso pela vida.

Há que se destacar, ainda, o aprofundamento das desigualdades sociais, o aumento da fome, do desemprego, fruto do avanço do poder financeiro aumentando os lucros dos bancos, institucionalizando ainda mais os seus privilégios. O avanço dos grandes projetos sobre as terras indígenas, povos quilombolas, pescadores e as agressões ao meio ambiente têm sido outra marca da atual política. E com isso o aumento da violência contra defensores e defensoras de Direitos Humanos, como foi o caso de Bruno e Dom, na Amazônia, e de lavradores e lavradoras barbaramente assassinados.

Diante deste cenário, o lema deste 28º Grito dos Excluídos e Excluídas nos convida a refletir sobre este Brasil dependente “Brasil: 200 anos de (In)dependência. Para quem?” Queremos que os rostos e gritos de todas as realidades sejam vistos e ouvidos! E que, num grande Mutirão pela Vida, somado aos mutirões da 6ª Semana Social Brasileira mobilizados pelas Igrejas, pastorais, organismos, movimentos populares e pessoas de boa vontade, possamos defender e garantir os direitos dos pobres e marginalizados. É marca histórica do Grito, desde seu início, a defesa da democracia e da soberania dos povos!

Convidamos a todos(as) a apoiarem e assumir o 28º Grito dos Excluídos e Excluídas em nível local, regional e nacionalmente. Que o Grito desperte em nós indignação contra toda forma de injustiça e nos fortaleça na construção do Reino de Deus que começa aqui agora e na luta pelo Bem Viver e da Terra Sem Males.

Dom José Valdeci Santos Mendes Bispo de Brejo – MA Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora

Com informações MST e Grito dos Excluídos/as