Denise Carvalho: A escolha mais séria de nossas vidas

No dia 2 de outubro, convidamos todos e todas a desenharem a democracia no resultado das urnas eletrônicas com as cores da diversidade, das nossas etnias, de nossa terra e de nossa gente

Enquanto houver a pobreza, a paz seguirá sendo uma utopia. Enquanto houver a pobreza, a segurança não passará de uma ilusão. Enquanto ela não for erradicada, não haverá como falar em liberdade ou democracia plena. Enquanto houver fome, não haverá cidadania.

Hoje, diante de uma das piores crises sociais da história democrática do Brasil, um país que enche o peito para dizer que alimenta 1 bilhão de pessoas pelo mundo constata que 33 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome. E o que é pior: a fome tem rosto de mulher e negra. Pela primeira vez, a insegurança alimentar brasileira superou a média mundial e teve um aumento quatro vezes maior no cenário da fome, sendo que a insegurança alimentar feminina chega a ser seis vezes maior que a média. Pois bem: a igualdade de gênero não é apenas um direito humano básico, mas também uma base necessária para a construção de um mundo pacífico, próspero e sustentável.

O país que comemora ser o sexto maior destino de investimentos externos do mundo é o local onde 17,5 milhões de famílias brasileiras vivem na extrema pobreza e com renda per capita mensal de até R$ 105. A fome aumentou na mesma proporção que a fortuna dos bilionários. Em plena crise sanitária, a fortuna dos mais ricos aumentou 30%, e o Brasil ganhou dez novos bilionários. O 1% mais rico passou a concentrar metade da riqueza do país, sendo que apenas 20 pessoas detém hoje mais riqueza que 60% da população. Portanto, não falta dinheiro no Brasil e reduzir a pobreza extrema, bem como a fome, é uma decisão política.

Também estamos distantes da paz social e, nesta trilha repleta de desafios, é preciso resgatar a dignidade àqueles e àquelas que perderam tudo, inclusive o sentimento de que fazem parte da humanidade. É preciso tirar da escuridão milhares de vidas humanas em situação de invisibilidade social.

Nestas eleições vamos fazer a escolha mais séria e histórica das nossas vidas: podemos escolher a democracia escolhendo um governo que promova a justiça social, que combata a fome, a pobreza, o desemprego e fortaleça as instituições democráticas, bem como o estado democrático de direito ou dissolver a nossa democracia aprofundando a exclusão social, a fome, a pobreza e caminhando para a barbárie onde o ódio, a violência e a intolerância serão mais disseminados ainda.

No dia 2 de outubro, convidamos todos e todas a desenharem a democracia no resultado das urnas eletrônicas com as cores da diversidade, das nossas etnias, de nossa terra e de nossa gente. De todos os gêneros, de diferentes gerações, credos e convicções. O voto é esperança que brilha para nós como uma estrela porque o Brasil tem pressa de viver em paz e sem medo de ser feliz.

Publicado originalmente no O Popular

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