Com futuro em xeque, Sergio Moro se une novamente a Bolsonaro

Em postagem recente, ex-juiz fez questão de agregar que sua luta é similar à do atual presidente. “Em relação ao Bolsonaro, uma coisa eu posso te dizer: nós temos o mesmo adversário”

Foto: Carolina Antunes/PR

Na tentativa de se eleger senador pelo Paraná, o ex-juiz Sergio Moro faz uma campanha eleitoral cada vez mais alinhada ao bolsonarismo. Em posts nas redes sociais e em discursos, Moro ressalta sua rivalidade com o PT e, especialmente, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas omite que, justamente por perseguir Lula sem provas, ele foi protagonista do mais célebre caso de suspeição em um julgamento no Brasil.

Em postagem recente, o ex-juiz que liderou à criminosa Operação Lava Jato – e que, posteriormente, foi ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro – respondeu a uma pergunta indigesta: num segundo turno entre Bolsonaro (que o humilhou no governo) e Lula (que comprovou sua suspeição), em quem Moro votaria? O internauta insinuava que o petista podia ser o escolhido.

“Jamais. Isso é impossível. Eu decretei a prisão do Lula”, afirmou o ex-juiz, que já foi desmoralizado no STF (Supremo Tribunal Federal) e abortou sua ilusão de ser candidato a presidente neste ano. “Jamais estarei ao lado do PT e do Lula, você pode escrever na pedra.”

Mas, como se sua preferência pela extrema-direita não estivesse esclarecida, Moro fez questão de agregar que sua luta é similar à do atual presidente. “Em relação ao Bolsonaro, uma coisa eu posso te dizer: nós temos o mesmo adversário”, afirmou Moro, evitando qualquer ressalva em relação ao pior presidente da história do Brasil, responsável por um governo de destruição, morte e corrupção.

Em 2018, quando Lula era o candidato favorito nas eleições presidenciais, Moro era o juiz que, de modo ilegal, orientava procuradores envolvidos na força-tarefa da Lava Jato, especialmente Deltan Dallagnol. Sem base legal, o então juiz decretou a prisão do ex-presidente e o retirou da disputa eleitoral.

Mas o vínculo promíscuo entre juiz e procuradores veio a público em 2019, quando o site The Intercept Brasil divulgou mensagens trocadas pelos personagens centrais da Lava Jato. Na ocasião, Moro era ministro do governo Bolsonaro. Ele se afastou do governo no ano seguinte, denunciando a interferência do presidente em nomeações na Polícia Federal.

Segundo Moro, Bolsonaro havia lhe prometido – sem cumprir – autonomia irrestrita à frente do Ministério da Justiça. Fora do governo, porém, Moro se envolveu em mais um escândalo, ao se tornar advogado de empresas denunciadas pela Lava Jato. Agora, com o futuro em xeque, o ex-juiz “bolsonarizou” mais uma vez.

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