Situação política incerta reduz interesse em leilão de aeroportos

Os ataques realizados por Bolsonaro a instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) e as críticas dele ao sistema eleitoral brasileiro amedrontaram os investidores.

Foto: Ministério da Infraestrutura/Agência Brasil - Reprodução da Internet

Considerado o aeroporto mais atrativo aos investidores, Congonhas recebeu uma única proposta no leilão que aconteceu nesta quinta-feira (18) na sede da B3, em São Paulo. Na opinião do engenheiro aeronáutico Jorge Leal Medeiros, professor doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, a baixa participação reflete o ambiente político instável brasileiro.

“Com a situação política incerta, você não tem segurança institucional absoluta do que vai acontecer”, afirmou Medeiros, em entrevista ao Portal Vermelho, segundo o qual nos últimos anos houve uma evolução no setor no Brasil, que hoje já conta com a presença de vários participantes. Bolsonaro vem atacando as instituições, especialmente, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pondo em dúvida a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro e a segurança das urnas eletrônicas. Enquanto isso, troca de mensagens entre empresários bolsonaristas publicada pelo portal Metrópoles evidencia apoio à ruptura democrática em caso de vitória de Lula nas eleições.

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No leilão, o bloco que inclui ainda os aeroportos de Campo Grande (MS), Corumbá (MS), Ponta Porã (MS), Santarém (PA), Marabá (PA), Carajás/Parauapebas (PA), Altamira (PA), Uberlândia (MG), Uberaba (MG) e Montes Claros (MG) foi arrematado pelo grupo espanhol Aena Desarrollo Internacional por R$ 2,45 bilhões, com um ágio de 231,02% em relação ao lance inicial mínimo. O ágio, segundo o professor, foi relativamente bom levando-se em consideração tratar-se de um único interessado. Contudo, em certames com maior número de participantes, há ainda uma disputa por lances entre as empresas que realizam as três maiores ofertas, o que acarreta maiores ganhos no leilão.

Bloco Norte e Aviação Geral

Nesta quinta, a única disputa aconteceu pelo chamado Bloco Norte, que inclui Belém (PA) e Macapá (AP). Saiu vencedor o Consórcio Novo Norte Aeroportos, formado pela Dix Empreendimentos Ltda e Socicam, que se trata de uma empresa brasileira atuante no ramo rodoviário que, recentemente, passou a operar também no setor aeroviário, tendo saído vencedora nas rodadas realizadas anteriormente na qual foi contemplada com aeroportos do Noroeste de São Paulo e do Norte do Mato Grosso do Sul.

O bloco Aviação Geral, um dos três ofertados nesta quinta-feira, também só teve um interessado: o XP Infra IV Fundo de Investimento em Participações em Infraestrutura, que arrematou os aeroportos de Campo de Marte, em São Paulo (SP), e de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro (RJ), por R$ 141,4 milhões, praticamente, pelo valor mínimo.