Isolado, Bolsonaro pode recuar de ataques no 7 de setembro

Presidente exige que TSE aceite sugestões dos militares para apuração dos votos

Bolsonaro não deve reeditar o 7 de setembro golpista de 2021. Foto: Gustavo Moreno/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro pode recuar de ataques ao sistema eleitoral nas manifestações de 7 de setembro caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aceite sugestões do Ministério da Defesa. Após onda de manifestos em defesa do sistema eleitoral, o presidente se viu isolado e tenta sair com alguma dignidade da convocação feita a seus apoiadores durante a convenção que o formalizou candidato.

A informação foi divulgada pela colunista da Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo, em conversa com ministros próximos de Bolsonaro. Com o distensionamento, o ato do Bicentenário da Independência deve se tornar mais um evento de campanha. Em 2021, os atos tiveram caráter golpista com o presidente insuflando seus eleitores contra as instituições democráticas.

Caso a informação se confirme, a presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos (PE), considera este um recuo importante de Bolsonaro, diante de uma ofensiva feita recentemente na luta pela Democracia. “O ato do 11 de agosto, com milhares de pessoas pelo país, aderindo ao Manifesto em defesa da Democracia confirmam a confiança dos brasileiros e brasileiras no processo eleitoral”.

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Para ela, este é mais um indicativo de derrota para o candidato à reeleição. “Considero que, ele recuar da sua permanente disposição golpista, revela mais uma derrota que a oposição impõe ao bolsonarismo e representa uma vitória do Estado Democrático de Direito e daqueles que o defendem”, declarou a dirigente partidária ao Portal Vermelho.

A conversa anônima do Governo com a jornalista teve o objetivo de mostrar a disposição de Bolsonaro para uma trégua com o TSE, sem abrir mão de alguma pressão. O candidato do PL espera que a Justiça Eleitoral acolha medidas propostas por militares para uma “auditoria” na apuração das eleições. Uma proposta factível, que apenas ampliaria o catálogo de medidas de segurança da Justiça Eleitoral, em vez do caos de mudar a votação eletrônica por impressa.

A principal reivindicação do Ministério da Defesa é que o TSE publique um arquivo com os boletins de urnas. O documento imprenso ao final da votação, em cada sessão eleitoral, fica disponível nos colégios eleitorais e podem ser utilizados para conferir os votos depositados na urna. Em tese, com os arquivos reunidos, é possível fazer uma conferência e uma contagem paralela dos votos.

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O que o presidente pretendia fazer, com o apoio das Forças Armadas, é sequestrar a comemoração do feriado nacional em favor do candidato —que, durante a convenção do seu partido, convocou os militantes a saírem “às ruas pela última vez para lutar pela liberdade” e protestar contra os ministros do STF, “esses pouco surdos de capa preta que têm que entender o que é a voz do povo.”

Agora, Bolsonaro está tentando imprimir um tom apaziguado e religioso a sua campanha para tentar chegar ao segundo turno. No entanto, os ataques aos tribunais não agregam votos, de acordo com os próprios ministros, e a mudança de postura poderia ajudar a reconquistar eleitores. Por outro lado, o TSE também não quer estar no olho do furacão do golpismo de Bolsonaro e quer distensionar.

Nesta terça-feira (16), o presidente compareceu à posse de Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Ele é crítico do magistrado, que também atua nos processos contra Fake News e Milícias Digitais no Supremo Tribunal Federal, tendo Bolsonaro na mira.

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Moraes fez um discurso exaltando a urna eletrônica e o processo eleitoral brasileiro. O presidente pareceu constrangido diante dos demais candidatos presentes: Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes e Simone Tebet. Também compareceram os ex-presidentes José Sarney, Dilma Rousseff e Michel Temer.

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