STF obriga Bolsonaro a indenizar profissionais de saúde vítimas da Covid

Por unanimidade, os ministros da corte consideraram improcedente a ação do governo contra a lei aprovada no Congresso

Leito de UTI em hspital de campanha. Foto: Rovena Rosa ABr

Bolsonaro acumulou mais uma derrota na tentativa de inviabilizar a indenização de profissionais de saúde incapacitados ou mortos no enfrentamento da pandemia da Covid-19. Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou nesta terça-feira (16) improcedente a ação do governo contra a lei aprovada no Congresso.

O presidente genocida, cuja a política negacionista resultou em mais de 680 mil mortos pela doença, vetou a indenização, mas o Congresso derrubou o veto.

No recurso ao STF, o desgoverno alegou que a lei cria despesa continuada em período de calamidade, quando essas medidas seriam vedadas. Além disso, disse que os parlamentares aprovaram a lei sem estimativa dos impactos financeiro e orçamentário.

Leia mais: Oscilações de covid-19 exigem adaptação a máscaras e vacinas

A relatora da ação, ministra Cármen Lúcia, considerou que “a compensação financeira em exame cuida de indenização em razão de um evento específico, não configurando despesa obrigatória de caráter continuado”.

Portanto, dessa compensação poderão se beneficiar o profissional de saúde ou os seus herdeiros que comprovem que a infecção causada pelo coronavírus tenha ocorrido durante o estado de emergência.

“As diversas previsões legislativas de dispensa da observância de determinadas regras de responsabilidade fiscal evidenciam a opção legislativa de evitar o impedimento da atuação do poder público no enfrentamento da pandemia, oferecendo-se resposta jurídica tida pelo legislador como justa aos que atuaram e ainda atuam no combate à doença com maior risco à própria vida e à saúde. Diante disso, julgou improcedente o pedido formulado na ação e declaro constitucional o disposto na lei 14.128/21”, decidiu a ministra.

Deputada Fernanda Melchionna, uma das autora da proposta (Foto: Alan Rones/Câmara dos Deputados)

Repercussão

O projeto que concedeu indenização aos profissionais da linha de frente de combate à Covid-19 (PL 1826/20), de autoria dos deputados Reginaldo Lopes (PT-MG) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS), foi vetado totalmente por Bolsonaro.

Deputados e os autores comemoram a decisão. “O STF decidiu que profissionais da saúde vítimas de covid serão indenizados e rejeitou a ação da União que tentou derrubar a lei que garante indenização aos que estiveram na linha de frente. Mais uma vitória daqueles que cuidam de todos, mas são esquecidos por esse governo”, comemorou o vice-líder do PCdoB na Câmara, Daniel Almeida (BA).

Para Lopes, que é líder do PT na Câmara, chegou a hora de se fazer Justiça. “Vitória! STF vota contra ação de Bolsonaro para não cumprir a Lei. A indenização às famílias dos profissionais de saúde vítimas da Covid é uma Lei de minha autoria e que Bolsonaro entrou na Justiça para não cumprir. Chegou a hora de fazer justiça aos nossos heróis e heroínas!”, escreveu o parlamentar no Twitter.

“O Jornal Nacional acaba de dar destaque para a decisão unânime do STF, a favor da lei, da qual sou autora, que prevê indenização para os trabalhadores da saúde incapacitados pela Covid-19 e familiares! Vamos com tudo fazer esse genocida cumprir a lei!”, festejou Melchionna numa postagem.

Autor