Lula diz que orçamento secreto atenta contra princípios democráticos

O ex-presidente defendeu colocar o povo no orçamento. “Estou tentando encontrar um jeito de fazer um orçamento participativo para acabar com o orçamento secreto”, disse

Foto: Ricardo Stuckert

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2023 reservou R$ 19 bilhões para o pagamento de emendas do relator, o chamado orçamento secreto que é usado por Bolsonaro para garantir apoio no Congresso. Lula diz que o dispositivo é algo que atenta contra princípios democráticos porque retira transparência do destino do dinheiro público.

“Por que esse orçamento é secreto? Nós que criamos a Lei da Transparência, e o Congresso Nacional, que deveria obedecer à lei que ele mesmo criou, que é a Lei da Transparência, não mostra para quem vão essas emendas, quem são os beneficiados, quem é que recebe investimento? Por que é secreto?”, indagou o ex-presidente.

De acordo com ele, é preciso colocar o povo no orçamento. “Estou tentando encontrar um jeito de fazer um orçamento participativo para acabar com o orçamento secreto. Estou querendo ver como vou criar mecanismos para que o povo brasileiro possa, quem sabe agora com a internet, participar da execução do orçamento”, defendeu Lula.

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Presidente da Câmara, Arthur Lira (Foto: Elaine Menke/Câmara dos Deputados)

Lula diz que o país precisa evoluir para não ter um presidente refém do Congresso Nacional. “Nós vamos ter que evoluir. Não dá para um presidente ficar refém do Congresso Nacional, como está o Bolsonaro. O (Artur) Lira controla uma parte do Orçamento, o Ciro Nogueira controla a outra, e o que faz o presidente? Fake news, fake news, fake news, contando sete, oito mentiras por dia. Essas coisas vão ser muito transparentes e vamos tratar disso com muito carinho”, avisou.

Em entrevista à Rádio Lagoa Dourada, do Paraná, Lula explicou que o orçamento secreto é uma transferência de uma parcela de poder do poder executivo para o poder Legislativo. “Hoje, o Bolsonaro não comanda o orçamento da União, quem comanda o orçamento da União é a Câmara dos Deputados e o Senado. Então, isso é grave, é grave porque diminui o papel e a importância que tem que ter um presidente”, disse.

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