Em defesa da democracia e do estado de direito sempre!

Permanece atual a orientação tática de se lutar por uma ampla frente política e social que isole e derrote o governo

Foto: Cuca da UNE

A Constituição de 1988 restabeleceu as eleições diretas no Brasil e introduziu o sistema de dois turnos para eleger presidentes da República, governadores e prefeitos nas cidades com mais de 200 mil eleitores.

Um ano depois, em 1989, Collor de Mello e Lula venceram o primeiro turno das eleições presidenciais, deixando para trás outros vinte candidatos. Mesmo derrotado no segundo turno, a partir daí Lula firmou seu nome como a maior liderança popular do país.

Nas eleições seguintes, com exceção de Collor de Mello, que renunciou, e Itamar Franco, que não se candidatou, todos os presidentes com mandato foram reeleitos. Pelo andar da carruagem, Bolsonaro dá mostras de que vai quebrar esta tradição.

A impopularidade de Bolsonaro, consequência direta do desastre que tem sido o seu governo, é o dado mais significativo da presente campanha. O presidente, no entanto, não se dá por vencido. Na base do vale-tudo, tenta reverter o quadro e levar a disputa para o segundo turno.

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O arsenal de Bolsonaro inclui desde as ameaças golpistas até a difusão das “fake News”. Usa também uma poderosa arma eleitoreira – a distribuição bilionária de benefícios sociais assegurados com a emenda constitucional que ele conseguiu aprovar no Congresso.

O saco de bondades do presidente, verdadeira farra com dinheiro público, é quase uma compra de votos. De agosto até dezembro, 20,2 milhões de beneficiários receberão o Auxílio-Brasil de R$ 600. Estima-se que 60 milhões de pessoas serão impactadas com esse pagamento.

Além disso, neste mês passa a ser pago também o auxílio-caminhoneiro, o auxílio-taxista, o auxílio-gás e outras benesses eleitoreiras. Essas medidas, em maior ou menor grau, podem afetar o estado de humor do eleitorado e render votos para o presidente de plantão.

 Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

Tudo somado, todavia, o caminho não parece fácil para as pretensões de Bolsonaro. Pelo lado da economia, apesar do recuo da pandemia, o crescimento é retardado pelos juros estratosféricos de 13,75% e a sinalização de novas altas pelo Copom.

Economia estagnada significa persistência de desemprego elevado, desindustrialização e falências. A enganosa deflação do mês de julho, resultado pontual da diminuição dos preços da gasolina e energia, não acaba com a carestia e a fome que assolam o país.

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Outro indicador importante, revelado pelo Caged no mês de junho, é que o mercado de trabalho no Brasil, além do alto desemprego, continua precário, mantém a alta rotatividade e média salarial de R$ 1.922,77 para os contratados este ano, menos de dois salários-mínimos.

Neste quadro complexo e em movimento, pode-se dizer que a campanha Lula/Alckmin tem obtido êxitos importantes. Conseguiu aglutinar coligação com nove partidos políticos e diversifica suas articulações com amplos segmentos sociais.

Permanece atual a orientação tática de se lutar por uma ampla frente política e social que isole e derrote o governo. As manifestações deste 11 de agosto, em defesa da democracia e do estado de direito sempre, mostram o progressivo isolamento político do governo.

Toda eleição tem suas particularidades e depende do ambiente político, da conjuntura econômica e de outros fatores que mexem com a subjetividade do eleitor. Na história do Brasil, eleições presidenciais sempre são carregadas de tensão e disputa acirrada.

Todas as pesquisas indicam uma preferência pela chapa Lula/Alckmin, mas Bolsonaro é resiliente, consegue fidelizar parte do eleitorado e conta com os dividendos eleitorais dos benefícios como o Auxílio-Brasil.

Por tudo isso, como se diz no futebol, não se pode jogar de salto alto. O futuro do Brasil está em jogo e este futuro vai depender da eleição de Lula e também de parlamentares comprometidos com o projeto de reconstrução e transformação nacional!

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