Campanha no Twitter: Lula e o desafio de “furar a bolha”

Em termos de interações com os presidenciáveis (curtidas, retuítes e comentários), 99% se restringem a contas da própria base de cada pré-candidato

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) profissionalizou sua ação nas redes sociais. Mas, a dois meses das eleições presidenciais de 2022, Lula e sua pré-campanha têm o desafio de “furar a bolha”. É o que aponta uma pesquisa da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP/ FGV).

O levantamento se baseou nos posts dos presidenciáveis no Twitter entre os dias 27 de junho e 24 de julho. De acordo com o estudo, tanto Lula quanto seu principal adversário – o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) – enfrentam dificuldades para alcançar públicos além de suas “bolhas de engajamento”.

Entre as redes, o Twitter é considerado o que tem mais potencial de influenciar a pauta do noticiário e disseminar opiniões. Porém, em termos de interações com os presidenciáveis (curtidas, retuítes e comentários), 99% se restringem a contas da própria base de cada pré-candidato.

Para Marco Aurélio Ruediger, diretor da DAPP/FGV, o isolamento de Bolsonaro de deve, acima de tudo, à pauta mais conservadora e liberal, que dialoga essencialmente com apoiadores. Ruediger dá como exemplo os ataques às urnas eletrônicas e às instituições, além da defesa do porte de armas. Lula, em contrapartida, fala pouco para o eleitor que não é necessariamente petista ou de esquerda, apesar de ter sido “hábil” na formação da chapa com o ex-governador tucano Geraldo Alckmin (PSB).

“Bolsonaro ganha tração na base ao defender agendas como as das armas, mas amplia a resistência fora dela”, diz. “Já Lula tem mais facilidade de furar a bolha, mas esse é um processo mais lento e que encontra ainda um centro muito resistente a ele, o que pode mudar ao longo da campanha.”

Conforme a pesquisa, os bolsonaristas ainda predominam no Twitter, mas Lula cresceu no período analisado devido, entre outros pontos, à “forte influência de artistas”. O nome do ex-presidente viralizou especialmente depois da declaração de apoio da cantora Anitta.

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