Petrobras pagará R$ 87,8 bilhões em dividendos em meio à crise do país

O conselho de administração da Petrobras aprovou na última quinta-feira (28), o pagamento de R$ 87,8 bilhões aos acionistas. O anúncio feito indica que o valor pago por ação preferencial e ordinária é de R$ 6,73. Os pagamentos acontecem em agosto e setembro.

Do total, R$ 32 bilhões são destinados ao governo federal, principal acionista da empresa. Desse valor, R$ 25 bilhões serão pagos à união e o restante, R$ 7 bilhões, ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

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O valor recorde que será pago aos acionistas contrasta com o atual cenário econômico e social por qual passa o Brasil. Mesmo com a redução no preço da gasolina para as distribuidoras em 15 centavos, o preço do combustível chegou a um patamar inaceitável este ano pela política da Petrobras.

No mês de março, em diversos estados o preço variava entre R$7 e R$8 reais o litro, com locais em que chegou a mais de R$10.

Inflação alta

Fora os combustíveis, a inflação alta (11,39% em 12 meses pelo IPCA-15 do IBGE) tem castigado o bolso dos brasileiros, principalmente na alimentação – om o frete dos transportes pressionando os preços pela alta dos combustíveis.

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O pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) Mahatma dos Santos observa que o recorde na distribuição de dividendos acontece pelos sucessivos aumentos de preços realizados pela Petrobras.

“A gestão da estatal tem sido direcionada para atender a um conjunto de interesses relacionados ao calendário eleitoral e não aos interesses da sociedade como um todo. As altas nos preços dos derivados turbinam os dividendos que serão repassados ao governo federal, mas reduzem os investimentos de longo prazo da companhia e impulsionam a inflação”, comentou o pesquisador do Ineep.

Escândalo

O coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar, crítica o pagamento, pois a gestão da Petrobrás está entregando R$ 136,31 bilhões aos acionistas somente no primeiro semestre do ano. Um valor que já ultrapassa de longe os exorbitantes R$ 101 bilhões que os acionistas receberam em 2021.

“É um escândalo a diretoria da estatal pagar aos acionistas quase 7 reais por ação e reduzir apenas 15 centavos no litro da gasolina, cujos preços abusivos têm impacto na inflação e na vida de todos os brasileiros”, diz Bacelar.