Lula diz que Brasil vive apagão cientifico com negacionismo de Bolsonaro

O ex-presidente afirmou que o resultado mais trágico da negação da ciência são os quase 680 mil mortos pela Covid. “Muitos deles porque o atual presidente ignorou todas as recomendações da comunidade científica”, criticou

(Fotos: Reprodução do Twitter)

O ex-presidente Lula afirmou nesta quinta-feira (28), durante a 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no Campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília (UnB), que o resultado mais trágico do “apagão científico” que o país vive são os quase 680 mil brasileiros mortos pela Covid.

“Muitos deles porque o atual presidente ignorou todas as recomendações da comunidade científica, chegando ao cúmulo de boicotar as vacinas, que salvaram milhões de vidas ao redor do mundo”, criticou

O ex-presidente responsabilizou Bolsonaro pela redução drástica dos recursos para educação, ciência e tecnologia. Ele ainda acentuou que os gastos nessas áreas são investimentos que o país precisa fazer.

Ovacionado pela plateia formada por professores e estudantes, o candidato a presidente, como fez questão de ser chamado, afirmou que o ataque às universidades públicas, o desemprego e a precarização da força de trabalho estão levando à perda de pessoal qualificado para o exterior.

“Os jovens são movidos por sonhos e desafios, e nós precisamos trazer de volta as condições para que eles sejam estimulados a atuar na melhoria e na reconstrução do país. Como todas e todos aqui sabem, o orçamento do FNDCT, principal fundo de apoio à Ciência, passou a ser fortemente contingenciado desde o golpe de 2016. Enquanto no último ano de meu Governo a receita do Fundo foi inteiramente investida em ciência, no ano passado, do total de R$ 6 bilhões arrecadados, apenas 10 % foram liberados para execução”, lembrou.

Leia mais: Lula afirma que irá retomar o Bolsa Família com valor de 600 reais

Como nos governos anteriores do PT, Lula afirmou que a pesquisa científica, a inovação e a educação serão colocados no centro das questões nacionais. “Que elas sejam revalorizadas como alavancas para o crescimento econômico, a reindustrialização do país e a redução da pobreza, buscando uma economia ambientalmente sustentável e solidária”, discursou.

Estudantes acompanhando o discurso no telão

Propostas

Eleito, o ex-presidente disse que vai reconstruir o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; revigorar o Conselho de Ciência e Tecnologia (CCT); realizar a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; e trabalhar na recomposição e ampliação do Fomento de Ciência, Tecnologia e Inovação.

“Os orçamentos das agências de fomento federais, destacadamente os do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) devem ser recuperados e ampliados a partir dos patamares mais elevados alcançados nos governos do PT. Os investimentos para a área serão ampliados com a destinação de parcela dos recursos do Fundo Social do Pré-Sal”, propôs.

O candidato ainda se comprometeu em amplia e melhorar a qualidade da educação em todos os níveis. “Desde a educação básica à pós-graduação, passando por um Programa Emergencial de Inclusão e Reintegração Educacional para os jovens sem escola nos diferentes graus educacionais, com atenção prioritária à universalização da inclusão digital”, propôs.

Corrupção

Lula também fez questão de criticar o adversário que insiste em propagar que no atual governo não existe corrupção. “Me parece que ele não sabe a família que ele tem, me parece que ele esqueceu do [Fabrício] Queiroz, me parece que ele esqueceu da quadrilha da vacina. Qualquer denúncia decreta sigilo de 100 anos”, provocou para depois dizer que vai fazer um “revogaço” quando chegar à Presidência.

Projeto

O presidente da SBPC, ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, entregou a Lula o documento “Projeto Brasil Novo”, que traz propostas de políticas públicas em diferentes setores para a próxima gestão.

“A educação é absolutamente primordial para todos os efeitos. Não existe oposição entre salvar vidas e salvar a economia. Todas as questões implicam que o Brasil volte a ter um projeto de nação”, disse Renato Janine.

A anfitriã do encontro, reitora da UnB, Marcia Abrahão, fez um discurso em defesa da democracia. “Nós não abrimos mão da democracia. Precisamos de democracia e autonomia. É o que precisamos para continuar e termos certeza que assim o Brasil irá corresponder com a sociedade. Precisamos de democracia e de uma universidade forte e autônoma”, afirmou.

Autor