Ação eleitoreira de Bolsonaro na Petrobras encontra resistência

O presidente tentou alterar a política de preço para ter mais controle sobre os reajustes dos combustíveis, mas reunião do conselho da estatal blindou ainda mais o chamado PPI

Foto: Reprodução

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) avaliou como oportunismo eleitoral a tentativa de Bolsonaro em alterar a governança da política de Preço de Paridade de Importação (PPI) para ter mais controle sobre os reajustes dos combustíveis. No entanto, o Conselho de Administração (CA) da Petrobras, reunido nesta quarta-feira (27), blindou ainda mais o PPI evitando pressões por mudanças.

“Mais um oportunismo eleitoreiro de Bolsonaro e de sua equipe de bajuladores. A menos de três meses para as eleições, o presidente da República se diz preocupado com as altas abusivas dos preços dos combustíveis praticadas ao longo de seu governo”, criticou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.

Bolsonaro, em três anos e seis meses de governo, não fez nada para mudar o PPI, que só atende a interesses do mercado. Bacelar lembrou ainda que, só nesse governo (01/01/2019 a 20/07/2022), a gasolina aumentou 155,8% e o diesel 203,6%, nas refinarias da Petrobras, impactando a inflação de itens básicos, como alimentos e transportes. 

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“Enquanto isso, o salário mínimo teve reajustes de 21,8% nesses três anos e meio de desgoverno, reforçando o empobrecimento da população brasileira”, ressaltou o coordenador da FUP, tomando como base cálculos feitos pelo Dieese.

O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar (Foto: Divulgação)

Diretriz

 O CA aprovou a chamada “Diretriz de Formação de Preços no Mercado Interno” pela qual reafirma o PPI como política de preço de combustíveis da estatal e diz que os reajustes passarão a ser “supervisionados” pelos Conselhos de Administração e Fiscal.

“A estratégia foi blindar o PPI no CA, evitando pressões por mudanças. Pelo estatuto da Petrobras, a definição dos preços dos derivados é de responsabilidade da diretoria executiva da companhia, que está em fase de transição. Ou seja, o CA não pode chamar essa atribuição para si”, explicou o coordenador.

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