Lula ao UOL: “Eu vou trabalhar para ganhar o mais rápido possível”

O ex-presidente Lula falou sobre eleições, planos para um futuro governo e ameaças de Bolsonaro, em entrevista ao UOL. Também indicou que a Petrobras irá trabalhar em função dos custos nacionais, utilizando o real.

Reprodução: UOL

O ex-presidente Lula, pré-candidato à presidência e favorito nas pesquisas de intenções de voto, em entrevista aos colunistas do UOL, Kennedy Alencar, Alberto Bombig e Carla Araújo, falou sobre as eleições de 2022, a tentativa de desmoralização das urnas feita por Bolsonaro e sobre ações do seu plano de governo caso vença às eleições.

Na avaliação de Lula, políticas que foram sucesso nas suas gestões serão retomadas como eram, como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família em R$ 600 permanentes, ao contrário de Bolsonaro, que concedeu aumento de R$200 reais no Auxílio Brasil somente até dezembro.

Também pretende, caso eleito, uma reunião com todos os 27 governadores do país para debater quais são as principais obras de cada estado e começar a trabalhar antes do carnaval para recuperar empregos e a qualidade de vida da população.

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Ministérios

Além disso, reafirmou que recriará ministérios que foram extintos ou fundidos, com ênfase na recriação no Ministério do Planejamento, em ministérios que cuidem especificamente das questões indígenas e dos biomas brasileiros com a questão climática em primeiro plano e o Ministério da Cultura. Este último com a criação de comitês estaduais de cultura para nacionalizar a cultura do país.

“Vou recriar ministérios que existiam no meu governo. Ministério da Cultura, da Igualdade Racial, da Pesca. E vou criar um Ministério para cuidar das questões indígenas, comandado por um indígena, não por um branco de terno e gravata”, ressaltou.

Sobre a Petrobras, Lula indicou que irá trabalhar para que a empresa funcione em função dos custos nacionais, com base na moeda nacional, investindo em refinarias e na autossuficiência, passando a ser mais que uma empresa de petróleo para ser uma empresa de energia.

“Se eu não tivesse certeza do que fazer, não estaria concorrendo à presidência”, pontuou.

Debates com Bolsonaro

Sobre os debates presidenciais, Lula afirmou que participará dos debates já pré-estabelecidos e disse que a estratégia de Bolsonaro é debater somente no 2º turno, mas que a eleição pode ser resolvida antes.

“O que o Bolsonaro está pensando? Ele já não foi em debate na outra campanha. Agora está pensando o seguinte: só vou em debate no segundo turno. E se você puder, lembre ele, que pode não ter segundo turno. A eleição pode ser resolvida no primeiro turno”, disse Lula, que completou: “Eu vou trabalhar para ganhar o mais rápido possível, ter o maior número de votos”.

Urnas e 7 de setembro

Durante a entrevista, Lula afirmou que Bolsonaro tenta copiar Trump ao desafiar a democracia, desmoralizando as eleições e as urnas eletrônicas:

“Não podemos colocar em suspeição uma coisa que não merece suspeição. Não tem um vereador, um prefeito, um deputado estadual, um deputado federal, um governador que coloque em suspeição a urna. Só este bronco [Bolsonaro], que ganhou pela urna eletrônica, é que está tentando copiar o Trump, tentando desafiar a lógica da democracia. Eu estou favorável e qualquer coisa que for feita para garantir a democracia, pode saber que eu estarei dentro”, disse o ex-presidente.

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Sobre as ameaças feitas por Bolsonaro com atos no 7 de setembro, Lula entende que ele não age com inteligência ao não promover uma festa cívica comemorando os 200 anos da independência do país de forma democrática.

“[Ele] deveria avaliar o que foi feito nestes duzentos e saber o que queremos daqui para frente. Não, ele quer transformar os 200 anos em um ato dele, quem sabe fazer uma motociata, quem sabe com uma estátua do Tiradentes. Ele quer brincar com a data mais nobre que temos neste país, é lamentável que seja assim”, comentou.

Pinga-fogo

Ao final da entrevista, Kennedy Alencar realizou um pinga-fogo com Lula sobre alguns nomes da política nacional:

Kennedy Alencar (KA) – Lava Jato?

Lula: Erro histórico.

KA- Sergio Moro?

Lula: Um equívoco. Uma mentira criada pela imprensa brasileira.

KA -Simone Tebet?

Lula: Não a conheço. Sei que foi uma boa senadora.

KA – Ciro Gomes?

Lula: Poderia ser melhor.

KA – Ditadura Militar de 64?

Lula: Erro histórico desse país.

KA – Tancredo Neves?

Lula: Uma das pessoas mais inteligentes que já conheci.

KA – José Sarney?

Lula: Companheiro que garantiu a transição democrática desse país.

KA – Fernando Collor?

Lula: Foi um equívoco povo brasileiro que resultou no que resultou.

KA – Itamar Franco?

Lula: Foi uma das pessoas mais sinceras que já conheci.

KA – FHC?

Lula: Um democrata, uma pessoa que foi muito útil ao nosso país.

KA – Dilma Rousseff?

Lula: Uma grande companheira minha, injustiçada.

KA – Michel Temer?

Lula: Um equívoco.

KA – Jair Bolsonaro?

Lula: Dois equívocos.

KA – Luiz Inácio Lula da Silva?

Lula: Não sei.

KA – Janja?

Lula: Olha, sou suspeito para falar. Janja é a mulher da minha vida agora.

KA – Brasil?

Lula: Um país maravilhoso que merece ser bem melhor e estar bem melhor do que está hoje.