Veja presidente da Funai expulso de evento indígena na Espanha

Indigenista chamou Xavier de “bandido” e “miliciano” e o acusou de ser responsável por mortes do colega Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips

Ricardo Rao protesta contra presença de Marcelo Xavier em evento indígena

O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Xavier, foi expulso sob xingamentos de um evento em Madri, na Espanha, que debatia a questão indígena. O episódio aconteceu na 15ª Assembleia Geral da FILAC, o Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e Caribe, e está expondo mundialmente a situação de desmonte da Funai durante o governo Bolsonaro.

Xavier estava sentado em um auditório e, após um palestrante encerrar a fala, Ricardo Rao, ex-funcionário da Funai, foi até a frente do palco e exigiu que ele deixasse o local, sob acusações. Constrangido, Xavier se retirou do auditório, escoltado por seguranças.

“Marcelo Xavier é inimigo de vocês [indígenas]”, gritou Rao, apontando para Xavier. “Esse homem é um miliciano. É amigo de um governo golpista que está ameaçando a democracia no Brasil. Esse homem não pertence aqui”, prosseguiu. Ele ainda foi chamado de “bandido” e “assassino”. 

“Esse homem é responsável pela morte de Bruno Pereira. Esse homem é responsável pela morte de Phillips”, continuou ele, referindo-se ao indigenista e ao jornalista assassinados assassinado no Vale do Javari, na Amazônia. Rao foi colega do indigenista morto.

Ao site Amazônia Real, Rao afirmou que deixou o Brasil em 2019 após colecionar ameaças de morte no Maranhão por fazer o mesmo trabalho de fiscalização do colega morto. Ele também era alvo de processos administrativos, comum contra fiscais no governo Bolsonaro.

A entidade Survival International planeja um protesto formal, nas próximas horas, diante da chancelaria espanhola contra a presença de Xavier. Seria um protesto de repúdio à gestão da Funai e à “cumplicidade frente ao genocídio indígena em curso no Brasil, assim como diante dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips”.

A Funai ainda não se manifestou sobre o incidente.