Convenção do PCdoB aprova coligação para eleição de Lula e Alckmin

Decisões unânimes dão pontapé inicial formal ao processo eleitoral. Vice-presidente Walter Sorrentino criticou ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral e analisou a mudança de conjuntura provocada por ele no debate eleitoral.

comemoração do encerramento da convenção por Nádia Campeão, Walter Sorrentino, Márcio Cabrera, Fábio Tokarski, Neide Freitas e Edson França.

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) levou à votação, e aprovou por unanimidade, a celebração da coligação da Frente Brasil da Esperança com o PSB, o Solidariedade e a Federação Psol-Rede para a eleição da candidatura de Luis Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin. A decisão foi tomada formalmente, nesta quarta-feira (20), durante a Convenção Nacional PCdoB com Lula, ocorrida por meio virtual no primeiro dia permitido para as convenções. A partir de sábado, o Partido começa a realizar suas 27 convenções estaduais.

Num segundo item, o Partido também aprovou com a totalidade dos 151 votos de convencionais presentes, a delegação para que sua Comissão Política Nacional tenha plenos poderes para as inclusões e exclusões de partidos na coligação, definição de nomes de coligações, indicação de representantes, além de troca e substituição de candidatos.

Nádia Campeão, secretária nacional de Organização, conduziu a mesa da convenção, que ainda teve saudação do vice-presidente nacional do Partido, Walter Sorrentino. A presidenta nacional Luciana Santos não pode participar, devido à agenda da pré-campanha com Lula, em Pernambuco. Estiveram na mesa, ainda, o membro da Executiva Nacional, Márcio Cabrera, o secretário de Finanças, Fábio Tokarski, a secretária de Administração e Planejamento, Neide Freitas e Edson França.

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Defesa da institucionalizado democrática

Sorrentino apontou o sentido histórico e político da convenção diante do difícil confronto com a conjuntura eleitoral que o PCdoB tem feito. De forma singela, mas significativa, a convenção consagra decisões eleitorais do PCdoB que foram definidas a partir de construções e debates de 2021 e 2022, em âmbito de total unidade.

“Os comunistas estiveram na ofensiva democrática de primeira hora para formação de uma frente ampla para derrotar o bolsonarismo”, afirmou, citando as manifestações de massa, e ampla denúncia no mundo, dos ataques à institucionalidade democrática.

O dirigente partidário pontuou os retrocessos políticos, institucionais e de direitos sociais ocorridos desde 2013. Também apontou a conquista da lei das federações partidárias que fortalece a presença dos comunistas no cenário político e institucional da democracia.

No entanto, Sorrentino mencionou a gravidade do episódio envolvendo uma reunião de 50 embaixadores chamada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), para atacar o sistema eleitoral brasileiro, acusando-o de fraudulento. “Estamos vivendo uma agressão que fere a soberania nacional. O presidente não tem direito de ferir a lei eleitoral, ameaçar o rito eleitoral e pronunciar essas palavras grosseiras no âmbito do Palácio do Planalto”, criticou.

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Demagogia eleitoral

Ele também observou que as forças políticas ainda analisam com cautela a mudança de conjuntura que o debate eleitoral está tomando com mais este ataque golpista de Bolsonaro, assim como a aprovação da PEC do Segundo Turno: a Proposta de Emenda Constitucional que pode ser entendida como uma medida demagógica do governo, fora do rito das leis, mas muito importante para o povo que precisa sobreviver.

Ele lembrou que, só neste ano, em seis meses, o governo apresentou nove emendas constitucionais, sendo que, a PEC do Segundo Turno “entranha na Constituição brasileira um estado de emergência”. “Isso prenuncia certa mudança que ainda está em medição”, avalia o dirigente.

Ele refere-se ao pacote de medidas sociais aprovadas no Congresso, como reduzir o preço dos combustíveis, aumentar o Auxílio Brasil para R$ 600 e beneficiar setores com ajuda emergencial, que somam R$ 343 bi ao orçamento. Sobre o auxílio à população, ele diz que “é preciso clarear para a população que isso precisa se tornar permanente, como dever do estado-de-bem-estar mínimo”, salientou.

Sorrentino observa que parte dessas medidas violam as estratégias do próprio campo político que sustenta Bolsonaro, e “que foi surpreendido pelas bruscas mudanças”. “É preciso ter lucidez de que a rejeição de Bolsonaro é imensa, gerando insatisfação inclusive entre militares, mas a reação a esse processo das embaixadas, precisamos examinar de forma cuidadosa e combativa para não errar na dose de subestimação, nem superestimação”, ponderou.

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Comandar a unidade popular

Abertura da Convenção com Hino Nacional Brasileiro

Para ele, é preciso responder a todo esse movimento político com força e crescente unidade do povo. Ele se disse otimista com as reações na sociedade aos ataques golpistas, mas alertou que as mobilizações sociais vão depender do andamento da campanha e dos comícios de Lula, mais que da capacidade mobilizadora das entidades sociais. “Precisamos coordenar esses movimentos que brotam como cogumelos, para dar apoio de massa nas ruas. Temos toda a condição de interromper a marcha golpista com uma vitória no primeiro turno. Mas não podemos subestimar, pois esta é uma marcha, e é golpista”, alertou.

Sorrentino também acredita que é preciso tomar a iniciativa diante de certa paralisia diante da mesa da Câmara dos Deputados, e chamar todos os presidentes de partidos políticos para rejeitar questionamentos ao processo eleitoral. “Os que não forem, vestem a carapuça. Estes são fatos que se somam e paralisam a mão golpista”, diz ele.

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Contribuição comunista

Finalmente, o dirigente partidário mencionou que a Convenção Eleitoral consagra um momento de reversão dos caminhos que levaram o país à atual crise e retorno à normalidade política e institucional brasileira. “Temos uma bússola certeira, construída laboriosamente, que é a luta por um projeto nacional de desenvolvimento para formação de uma nova maioria política em torno de um pacto nacional em torno do desenvolvimento”.

Ele discutiu a importância do PCdoB ter saudado no primeiro momento a indicação de Geraldo Alckmin, pela compreensão de seu papel na articulação de amplas forças democráticas, setores econômicos, “desarmando bombas”, com seu prestígio junto à sociedade paulista. Também apontou para a necessidade dele cumprir um papel ainda maior neste processo eleitoral.

Destacou os 40% de mulheres que ocupam as 216 candidaturas a deputadas federal e estadual pelo Partido. Junto com isso, conta com candidatos experientes e que cumprirão papel decisivo para abrir um futuro de expectativa para o PCdoB nos estados.

Terminou apontando a importância do PCdoB na construção de palanques amplos para Lula em todo o país, assim como a contribuição com a formulação programática para mudar a vida do povo brasileiro, desde os primeiros meses de governo. “As pessoas não sabem de quantas camadas é feita nossa unidade. Por trás de cada decisão coletiva, temos exaustivos debates. Esta é uma obra histórica desses cem anos de Partido Comunista do Brasil”. 

“Temos convicção que esta e a melhor candidatura em torno da maior liderança política desse país. Esta será uma jornada de soberania, democracia e melhoria da vida do povo. É indispensável fazer esse chamado, aqui, para as 15 semanas que se aproximam. Vamos à luta!”

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