Vacinação de covid em crianças abaixo de 5 anos já ocorre em 7 capitais

Rio de Janeiro iniciou imunização na última sexta (15). Especialista defende a necessidade de uma forte campanha para convencer os pais a vacinarem suas crianças.

18.07.22 – Prefeitura de Manaus inicia vacinação para crianças a partir de 3 anos nesta segunda-feira, dia 18 de julho Foto: João Viana / Semcom

Seis capitais iniciaram hoje (18) a vacinação contra covid-19 em crianças de 3 a 5 anos de idade com Coronavac. São Luis (MA), Manaus (AM), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belém (PA) e Boa Vista (RR) já estão vacinando crianças conforme a tardia recomendação do Ministério da Saúde e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ambas divulgadas na semana passada.

A autorização ocorre sete meses depois de outros países já vacinarem esse público. Neste período, cerca de 300 crianças morreram de covid. O epidemiologista da Fiocruz-Amazônia, Jesem Orellana, defende que já é hora de ousar e permitir a vacinação também em crianças de menos de três anos.

A cidade do Rio de Janeiro foi a primeira a dar início à vacinação, na última sexta-feira (15), de crianças a partir de 4 anos. A vacinação de crianças de 3 anos terá início na próxima quarta-feira (20). Até então, a imunização contra covid-19 só podia ser feita em crianças a partir de 5 anos.

O Distrito Federal iniciou na tarde de hoje a distribuição de todo o estoque de Coronavac para os mais de 70 pontos de vacinação infantil, mas ainda não confirmou o início efetivo da imunização para o novo público alvo. A Secretaria Estadual de Saúde do DF diz aguardar nota técnica do governo federal com as instruções sobre a vacinação do novo grupo (dosagem; novos envios de lotes; prazos de reforço; entre outros).

Orellana alerta que houve aumento agudo de SRAG (síndromes respiratórias agudas graves) em crianças nesta nova fase de transição de 2021 para 2022, com aumento expressivo da mortalidade. Para ele, agora, o grande desafio será convencer os pais de que a vacina protege e controla casos graves. Ele lembrou que menos de 45% das crianças de 5 a 11 anos está com vacinação completa.

Em reunião da diretoria da Anvisa, em Brasília, na última quarta-feira (13), a agência seguiu recomendação das áreas técnicas e autorizou a imunização com duas doses da vacina, com intervalo de 28 dias entre elas. A aprovação vale somente para crianças que não têm problemas com a imunidade.

A decisão da agência, na qual o Ministério da Saúde se baseou, foi fundamentada em diversos estudos nacionais e internacionais sobre a eficácia da vacina em crianças. As pesquisas foram realizadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo Instituto Butantan, além de entidades internacionais. Também foram levados em conta pareceres de sociedades médicas e das áreas de farmacovigilância e de avaliação de produtos biológicos da Anvisa.

Um dos estudos clínicos, feito no Chile, mostrou efetividade de 55% da CoronaVac contra a hospitalização de crianças que testam positivo para a covid-19. Além disso, as crianças que participaram dos estudos clínicos apresentaram maior número de anticorpos e menos reações à vacina em relação aos adultos. No Brasil, dados mostraram que reações graves após a vacinação foram consideradas raríssimas.

O epidemiologista salienta o resultado robusto da pesquisa chilena, que foi sustentado por meio milhão de crianças analisadas.