Euro é cotado abaixo do dólar pela primeira vez na história

Maior inflação nos Estados Unidos em 40 anos aumenta expectativa por alta dos juros norte-americanos, gerando fuga de investimentos da Europa para os ativos dos EUA.

O efeito da alta dos juros norte-americanos e do aumento dos riscos atingiu diretamente a cotação do Euro nesta quarta-feira (13), quando a moeda da União Europeia caiu pela primeira vez a patamar abaixo do valor do dólar, tendo sido cotada a US$ 0,9998 já pela manhã.

A desvalorização da moeda europeia acelerou-se logo após a divulgação dos dados da inflação nos Estados Unidos, mostrando que os preços ao consumidor tiveram alta de 9,1% em 12 meses. Além de pior do que o esperado, o resultado retrata a maior inflação nos últimos 40 anos. Diante do quadro inflacionário, aumentou o coro dos analistas que acreditam na continuidade da trajetória de alta das taxas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e que a economia do país entrará em recessão.

O cenário recessivo nos Estados Unidos acende um sinal de alerta para possibilidade de recessão global. Quando os juros sobem nos Estados Unidos, as autoridades monetárias dos demais países também tendem a elevar as taxas, a fim de evitar uma fuga de investidores para os títulos norte-americanos.

Considerados como os ativos de menor risco no mercado financeiro, quando apresentam maior remuneração aos investidores, a tendência é que estes optem por esta alocação de recursos que consideram mais seguro. Quando as taxas de juros sobem, aumenta a remuneração dos títulos da dívida.

Para conseguir atrair parte destes recursos, os outros bancos centrais apreciam as taxas, acima das norte-americanas, para que seus títulos assegurem uma remuneração adicional aos investidores. É o chamado prêmio de risco ou a diferença no rendimento que faz com que os investidores façam aplicações nos outros países, considerados com maior risco de inadimplência.

Prédio sede do Banco Central estadunidense I Foto: GAO

O aumento da expectativa de alta dos juros pelo Fed adiciona mais uma preocupação que aumenta o temor de uma fuga de investidores de outras regiões. Já há um movimento de venda do Euro pelos investidores e compra do dólar, gerado pela situação da Guerra da Ucrânia, com a Europa sob ameaça de recessão e escassez energética. Com a alta dos juros nos EUA, os títulos europeus também perdem investidores para os norte-americanos, o que aprofunda a tendência de desvalorização da moeda da União Europeia.  

Com a alta de juros, também encarece o crédito não somente para as pessoas físicas como para as empresas, que passam a ter menos recursos para realizar investimentos e para contratar. Com isso, torna-se mais difícil a recuperação da atividade econômica e a geração de empregos, em um momento em que a Europa já se depara com um risco maior de enfrentar uma recessão.