A eleição não é entre direita e esquerda. É civilização ou barbárie

O que estamos presenciando é o uso do Estado brasileiro à serviço do terrorismo político.

Foto: Ricardo Stuckert

“Policial Penal Federal, conservador, cristão, Bolsonoro presidente, armas=defesa, não ao aborto e não às drogas” era como se definia Jorge José da Rocha Guaranho em suas redes sociais. Apesar de se autodefinir como cristão e defender o uso de armas como direito de defesa (e não como direito ao ataque), nada o impediu de invadir (e portanto atacar) um aniversário aos gritos esbravejando palavras de ordem em defesa de Bolsonaro e contra Lula e o PT, e em seguida assassinar o guarda municipal Marcelo Arruda na frente de sua família e amigos. Motivo: Arruda comemorava os seus 50 anos e escolheu como tema de sua festa o PT e o Lula!

Este episódio, ocorrido no último domingo (10), na cidade de Foz do Iguaçú-PR, é o resultado de um longo processo de campanha de ódio ao Lula e ao PT, iniciado ainda em 2016 com o golpe contra a presidenta Dilma, mas que ganhou força e violência a partir da eleição de Bolsonaro em 2018. Ao contrário do que se imagina o bolsonarismo nunca teve como alvo só o PT e Lula, mas toda os militantes do campo democrático popular, movimentos sociais, povos indígenas, movimentos de mulheres, LGBTQI+, sindicalistas e qualquer um que não se curve a sua insanidade, vira alvo dos ataques e linchamento público da milícia digital controlada pelo gabinete do ódio.

Com a aproximação das eleições presidenciais e a clara desaprovação apontada pelas mais recentes pesquisas, que indicam possibilidades reais de derrota eleitoral ainda no primeiro turno a tática eleitoral dos grupos bolsonaristas se tornam a cada dia mais violenta, onde o próprio governo fortalecea a descrença na segurança das urnas eletrônicas, nas instituições, promovendo, quase que diariamente, o medo de um lado, a partir de ameaças diretas e indiretas de golpe, e do outro lado promove o encorajamento de seus apoiadores no sentido do confronto direto entre o que ele diz ser “o bem” contra “o mal”.

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Desemprego, fome, perda de direitos sociais e trabalhistas, inflação galopante, preço dos combustíveis nas alturas, aumento do desmatamento na Amazônia, extermínio dos povos indígenas, corrupção sistêmica no governo federal, aparelhamento de instituições como a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República, parcela do Ibama, da Funai, do ICMbio e toda uma realidade de crise e desespero estão longe das pautas centrais do atual governo. Em vez de tratar essas questões urgentes o governo diverte sua base, distraindo com o velho e hipócrita discurso de “Deus, pátria e família”, “contra a ideologia de gênero” e uma série de discursos ocos que estão distantes dos problemas reais do povo.

Não se trata de polarização política como alguns querem sustentar, porque o PT já polarizou com o PSDB durante 5 eleições, e em nenhum momento as divergências políticas se transformaram em ameaça à vida. O que estamos presenciando é o uso do Estado brasileiro à serviço do terrorismo político.

Por isso repudiamos veementemente o ato de terrorismo praticado contra à vida de Marcelo Arruda em plena festa de comemoração de aniversário de 50 anos com familiares e amigos, sobretudo, condena o governo Bolsonaro e apoiadores por incitar e apoiar este tipo de conduta que estimula atos terroristas que levaram a morte e o luto para a família de Marcelo, mas que também provocaram a explosão de bomba na Cinelândia-RJ, o ataque a partir de drones como ocorreu em Minas Gerais ou como o ataque ao Juiz que ordenou a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro por suspeita de corrupção no MEC. Tudo isso pra criar um ambiente de instabilidade e caos social e político para alimentar um golpe e e manter uma agenda de desmonte dos direitos sociais e trabalhistas, assim como a entrega do patrimônio do povo brasileiro como a Petrobrás e a Amazônia.

Derrotar o governo Bolsonaro e o bolsonarismo é uma questão de civilidade!!!