Bolsonaro é esnobado por Zema e fica sem palanque forte em MG

Senador Carlos Viana – que corre por fora na disputa ao Palácio Tiradentes – será, oficialmente, o “candidato do presidente”

Em busca de uma reeleição cada vez mais distante, o presidente Jair Bolsonaro desistiu da articulação para ter o apoio do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Segundo o Estadão, Bolsonaro esteve nesta quarta-feira (6) com o senador e pré-candidato ao governo mineiro, Carlos Viana (PL), a quem comunicou que Zema resiste à união.

Com isso, Viana – que corre por fora na disputa ao Palácio Tiradentes – será, oficialmente, o “candidato do presidente”. Esnobado por Zema, Bolsonaro fica sem um palanque forte no segundo maior colégio eleitoral do País – Minas Gerais tem hoje 16,3 milhões de eleitores aptos a votarem no pleito de outubro.

O apoio de Zema era decisivo para o presidente se contrapor a seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas em Minas e no Brasil. Levantamento do Datafolha divulgado na semana passada apontou Lula com 48% das intenções de votos dos mineiros e Bolsonaro, com apenas 28%.

Enquanto o petista já fechou uma composição com o ex-prefeito de Belo Horizonte e pré-candidato a governador, Alexandre Kalil (PSD), Bolsonaro foi em vão atrás do apoio de Zema. Em maio, o presidente havia filiado a seu partido Carlos Viana, a fim de ter um Plano B para Minas.

Mas o nome do senador não decolou. Segundo o Datafolha, Zema tem 48% das intenções de voto, e Kalil, 21%, o que indica uma disputa polarizada. Na mesma pesquisa, Viana não passava de 4%.

A última cartada bolsonarista ocorreu na segunda-feira (4). O presidente se reuniu com Zema e voltou a apelar por uma coligação formal. Dias antes do encontro, porém, o Datafolha confirmou que a rejeição ao presidente pode contaminar qualquer aliança: 55% dos eleitores não votariam “de jeito nenhum” em um nome apoiado por Bolsonaro. Em contrapartida, 27% dos mineiros dizem que votariam no candidato a governador de Lula – e 24% talvez possam votar.

Zema foi eleito em meio à onda bolsonarista de 2018 e reivindica mais parcerias com o governo federal. No entanto, seu projeto eleitoral pode ficar em xeque caso ceda ao presidente. “O governador tenta uma equação complicada: deseja um acordo com Bolsonaro, mas não quer aparecer com o presidente na campanha, pelo menos no primeiro turno”, resume o Estadão.

Minas continua no radar dos dois principais concorrentes à Presidência da República. No sábado, Bolsonaro irá até Uberlândia, no Triângulo Mineiro, para participar da Marcha para Jesus, organizada pelo Conselho de Pastores de Uberlândia. Lula – que já visitou Belo Horizonte, Contagem, Juiz de Fora e Uberlândia – planeja, agora, uma agenda no Vale do Aço ainda em julho. Ao jornal O Tempo, o presidente do PT-MG, Cristiano Silveira, informou que há planos para levar o ex-presidente também ao Norte de Minas, ao Vale do Jequitinhonha e ao Vale do Mucuri.

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