Apoio a cotas raciais se mantém firme, apesar da rejeição dos conservadores

Ao comentar os dados da pesquisa “A cara da democracia”, o vice-presidente da Unegro, Edson França, aponta que todos os argumentos contrários à política se mostraram falaciosos.

Foto: Alma preta jornalismo/ Reprodução

Nos últimos 5 anos a população que apoia as cotas raciais manteve o mesmo patamar, é o que aponta os dados da pesquisa “A cara da democracia”, do Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação. Com análise do jornal O Globo, em 2022 e em 2021, o apoio às cotas raciais ficou em 43%, já em 2019 ficou em 39% e em 2018, 42%, mantendo, dentro da margem de erro, resultado que estabelece apoio às cotas raciais em torno de 40% da população.

Por outro lado, a rejeição às cotas é alta, marcando 46% em 2022, 47% em 2021 e 2019, e 37% em 2018. Em 2020, devido à pandemia de Covid-19, os dados coletados pela pesquisa não são comparados.

Entre as mulheres, 45% são a favor das cotas contra 42%. Já os homens a favor ficam em 40% contra 50%. Com isso, os resultados mostram maior receptividade das mulheres sobre o tema.

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Outro dado da pesquisa mostra que quanto maior a escolaridade, maior a aprovação. Assim, 56% dos que possuem ou iniciaram o ensino superior aprovam as cotas, sendo contrários 40%.

Avaliação

Para o vice-presidente da Unegro (União de Negras e Negros pela Igualdade), Édson França, o governo Bolsonaro e os setores conservadores que se opõem às cotas se posicionam no debate público, mas sem contraponto discursivo.

“É natural que cresça desentendimento, posições contrárias, dúvidas, pois o outro lado não parou um minuto de combater as cotas, mas a experiência de busca de oportunidades e equidade promovido com as cotas está assimilado pacificamente pelo povo”, diz França.

“O que precisamos é alimentar o povo com nossos argumentos, acrescidos com a experiência de 10 anos de implantação das cotas. Todos os argumentos contrários se mostraram falaciosos, pois as cotas: não prejudicam a qualidade e excelência dos cursos, não dividem e levam a conflitos nas universidades e não subtraem o mérito dos estudantes ao acessarem as universidades”, pontua.

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Sobre o percentual de aceitação ser superior entre os maiores níveis de escolaridade, o vice-presidente da Unegro entende que seja natural, pois as pessoas que estão nas universidades estão mais próximas ou acessam os benefícios das cotas para as universidades. No entanto, Edson França acredita que o discurso contrário, que atinge as camadas mais humildes da sociedade, pode ser revertido por meio de um diálogo amplo e franco sobre os resultados obtidos nesta década com a Lei de Cotas.

A pesquisa “A cara da democracia” foi feita pelo Instituto da Democracia (INCT/IDDC) com as universidades UFMG, Unicamp, UnB e Uerj/CNPq/Fapemig, com edição de 2022 registrada no TSE por BR-08051/2022.

Com informações O Globo

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