Corrupção no MEC fragiliza ainda mais o discurso de Bolsonaro

Até mesmo Bolsonaro, sob pressão, já admitiu a possibilidade de desvios de verba pública em seu governo

A prisão do ex-ministro Milton Ribeiro e as revelações sobre o “balcão de negócios” no MEC praticamente inviabilizaram um das fake news prediletas das hordas bolsonaristas: a de que não há corrupção no governo Jair Bolsonaro. Agora, segundo o jornal Folha de S.Paulo, membros da pré-campanha de Bolsonaro à reeleição “têm defendido que a corrupção seja um tema colocado em segundo plano na discussão eleitoral”.

Como a prisão preventiva de Ribeiro partiu da Polícia Federal – um órgão sob responsabilidade do Ministério da Justiça –, apoiadores do presidente reconhecem o “duro golpe no discurso anticorrupção de bolsonaristas”. Além disso, pesquisas internas do PL apontam que o eleitor está interessado em outros temas, como fome, combustíveis e inflação – todos sensíveis para Bolsonaro: “A leitura é que dar centralidade ao assunto corrupção não trará votos adicionais e pode desgastar o presidente”.

Em meio ao impasse, a ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR) mais uma notícia-crime para que Bolsonaro seja investigado pelos escândalos no MEC e por obstrução de Justiça. “Relata-se, na notícia apresentada, quadro de gravidade incontestável, o que impõe a manifestação da Procuradoria-Geral da República, para se cumprirem os fins do direito vigente”, escreveu a ministra.

De resto, até mesmo Bolsonaro, sob pressão, já admitiu a possibilidade de desvios de verba pública em seu governo. “No governo, não temos nenhuma corrupção endêmica. Tem casos isolados que pipocam e a gente busca solução para isso”, disse ele em evento nesta semana na CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Porém, conforme lembra a Folha, “Bolsonaro, seus familiares e seu governo acumulam uma série de casos de suspeita de corrupção, além de colecionarem ações no sentido de barrar investigações e esvaziar instituições de fiscalização e controle”. Tudo isso ainda ocorre em meio a uma crise econômica sem fim, dificultando os esforços da pré-campanha bolsonarista de emplacar uma agenda positiva.

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