O emblemático ano 2022 de muitas lutas e muitas comemorações

A reconstrução da política enquanto necessidade de soluções positivas para o país, mesmo que premida pela tragédia instalada, restabelece o diálogo de forças políticas antes antagônicas

Desinvestimento econômico; perda de soberania; desemprego, subemprego e desalento ferem a maioria dos brasileiros. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O ano 2022 de avança rapidamente deixando-me mais calejado com meus 65 anos, 40 anos de PCdoB, 30 anos de casamento e órfão de pai. Sem dúvida, apesar dos pesares, um feito extraordinário nesse reino de injustiças, exploração aguda e preconceitos mortais, que atingem principalmente nós negros e os de origem proletária. Assim sobrevivemos carregando sempre a esperança de quem luta, a juventude de quem sonha, a maturidade de quem não caminha só.

2022 é uma nova encruzilhada a entrar para a história com rumos diametralmente opostos, que nos possibilitam trilhar o sentido que indicam os 200 anos de Independência, a Absolvição da Escravatura e os centenários da Semana de Arte Moderna e do Partido Comunista do Brasil, ou seguir esse caminho de regresso à Casa Grande e Senzala. Um ano que a capacidade de resistência do povo brasileiro novamente estará à prova, esperançoso na luta renhida para sair desse gueto genocida.

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Hercúleas e urgentes são as tarefas para livrar o país desse sentido de destruição e de violência provocado pelo rompimento de barragens institucionais carcomidas pelo tempo e pela não política a proporcionar essas avalanches de rejeitos pútridos e corrosivos, que devastam todos os avanços civilizacionais e a base material da nação a duras penas construídos, elimina o mínimo de direitos conquistados, cuja catástrofe iminente são 33 milhões de famélicos e a insegurança alimentar de 65% da população.

Exceto o capital financeiro, seus sócios minoritários e seus asseclas, todos sofrem as consequências nefastas da necropolítica. Promoção de desinvestimento econômico; perda de soberania; o desemprego, o subemprego e o desalento ferindo a grande maioria dos lares; a inflação de preços dolarizados dos combustíveis é devastadora, assim como os crimes ambientais e as mortes de defensores do meio-ambiente e povos originários. Já são 670 mil mortes oficializadas por covid e o SUS sendo cada vez mais enfraquecido; a Educação dilapidada todos os dias. Um inferno de Dante onde toda barbárie é incentivada e permitida pelo poder executivo.

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Em consequência, mesmo que a indignação se alastre lentamente, o que acusa a resiliência do genocida, são múltiplos os focos de conflitos estabelecidos e a formação de pólos de resistência que aos poucos vão dando corpo a uma ampla vontade de mudanças que pode desaguar como rio caudoloso nas eleiçoes presidenciais. No entanto, isso depende não da percepção ilusória que esse momento catastrófico é conjuntural, mas da percepção da maioria de que esse projeto ruma para a insolvência do Brasil.

A reconstrução da política enquanto necessidade de soluções positivas para o país, mesmo que premida pela tragédia instalada, restabelece o diálogo de forças políticas antes antagônicas; vai forjando um pólo eleitoral capaz de amalgamar esse conjunto de insatisfações abertas ou latentes, passa a ser alternativa real de poder consolidando uma frente ampla de lutas que derrotará nas urnas o (des)governo. Assim se manifesta as intenções de voto na pré-candidatura Lula/Alkmim em todo território nacional, demonstração de que a maioria dos brasileiros e brasileiras anseia um futuro melhor.

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A grande tarefa imediata é derrotar Bolsonaro e reiniciar um processo de reconstrução do país. Para isso, faz-se necessário manter a diluição do “mito” sobretudo denunciando seu projeto genocida de destruir tudo o que ampara o povo facilitando a vida de bilionários rentistas como os sócios estrangeiros da Petrobras. Desenvolver e manter a luta sem trégua em todas as frentes institucionais e de massas, fustigar incansavelmente os redutos bolsonaristas; mobilizar todas as energias para garantir as eleições, a vitória das forças antifascistas com Lula/Alkmim e a posse do novo presidente da República

Mesmo que o tempo seja curto há muito chão para correr e muito rio para passar por baixo da ponte. É temerário a euforia do “já ganhou”, ainda há obstáculos a superar como atrair mais forças que pensam o Brasil desenvolvido, dividir ainda mais a base de apoio do miliciano, enfrentar com sólidos argumentos o porquê das mudanças sem resvalar para o bem contra o mal, e muita luta em todas as frentes de batalha.

Nesse ano emblemático de 2022 todas e todos brasileiros fazem aniversário, assim como todas as efemérides históricas e culturais serão comemoradas, portanto, teremos muita luta ao mesmo tempo que muitas festas, mas o presente que devemos nos dar, seja o custo que for, é a derrota do Bolsonarismo.

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