De olho nas eleições, Bolsonaro quer turbinar Auxílio Brasil

Número de pessoas que dependem de benefício dobrou entre março e abril frente inoperância do governo diante da crise

Foto: Valmir Fernandes - MST/PR

Como forma de melhorar seu desempenho junto à opinião pública num momento em que as pesquisas mostram aumento das intenções de voto em Lula, o presidente Jair Bolsonaro (PL) quer turbinar o Auxílio Brasil. 

Longe de estar preocupado com a penúria enfrentada por milhões de pessoas desempregadas e desalentadas, o mandatário quer agora aumentar em R$ 200 o valor do benefício e, em contrapartida, deixar de pagar uma compensação aos estados em troca de zerarem a alíquota do ICMS sobre diesel e gás até o fim do ano.

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O enfrentamento da fome e da miséria nunca esteve presente, de fato, entre as preocupações humanitárias do governo. Isso pode ser verificado dentre os mais diversos indicadores socioeconômicos do país. Conforme dados levantados pela Confederação Nacional dos Municípios, há uma demanda represada de 2,7 milhões de famílias esperando para ter acesso ao benefício. Em abril, portanto, havia ao menos 5,3 milhões de pessoas na fila para recebê-lo. 

De março para abril, o salto foi expressivo, com mais do que o dobro (116%) de pessoas passando a essa situação: de 1,307 milhão de famílias (2,1 milhões de pessoas), o número foi para 2,788 milhões (5,3 milhões de pessoas).

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A demanda vai ao encontro da situação diagnosticada também no segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19, feito pela  Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). Hoje,  mais de 33 milhões de pessoas não têm do que se alimentar, 14 milhões a mais do que em 2021 e pior patamar desde 1990.