Troca de comando na Petrobras não resolve problema dos preços dos combustíveis

A política de preços da Petrobras segue o critério de paridade internacional, o que significa que os preços dos combustíveis levam em consideração a cotação do barril de petróleo no mercado internacional e, também, as oscilações do dólar

Foto: Fernando Frazão/ABr

A Petrobras informou nesta segunda-feira (20) que o presidente da empresa, José Mauro Coelho, renunciou ao cargo e também ao assento que tinha no Conselho de Administração. A decisão vem depois de a estatal reajustar mais uma vez os preços do diesel e da gasolina.

Na sexta-feira (17), a estatal aumentou em 5,18% o preço da gasolina vendida às distribuidoras. O diesel teve alta de 14,26%. A saída do executivo foi informada durante uma reunião da diretoria e a nomeação de um presidente interino será analisada agora pelo Conselho.

Deputados criticaram mais uma troca de comando na empresa, sem alteração na atual política de preços da empresa. “O presidente da Petrobras pede demissão. Mas o que interessa na questão não é resolvido: a política de preços dos combustíveis. A população continua sofrendo com os constantes reajustes, enquanto o governo mantém o Preço de Paridade Internacional”, ressaltou o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) em sua conta no Twitter.

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A política de preços da Petrobras segue o critério de paridade internacional, o que significa que os preços dos combustíveis levam em consideração a cotação do barril de petróleo no mercado internacional e, também, as oscilações do dólar.

Em suas redes sociais, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lembrou que quem tem o poder de mudar a política de preços é Conselho de Administração da empresa. “Conselho este que tem maioria indicada pelo governo Bolsonaro. Então de quem é a responsabilidade por esses aumentos?”, questionou.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), não vai adiantar nada “trocar o mensageiro”. “É preciso tirar Bolsonaro!”, disparou.

Na mesma linha, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) observou que a companhia terá o quarto presidente desde o início do governo “e o preço dos combustíveis só faz aumentar”. “Não adianta trocar o presidente e não mudar a política de preços! O povo continuará pagando a conta enquanto não mudarmos o governo”, escreveu no Twitter.

Para o líder da Oposição na Câmara, Wolney Queiroz (PDT-PE), de nada adianta trocar o presidente da Petrobras, se não mudar a política de preços da empresa, que segue atrelada ao dólar, atendendo aos anseios do mercado. “Troca o presidente, do Brasil, que resolve!”, cobrou.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) diz que a crise demonstra total descontrole de Bolsonaro na gestão da empresa. “Com Lula a Petrobras estava protegida sem nenhum risco de ser vendida, além de garantir combustíveis baratos sem deixar de lucrar”, disse.

“Bolsonaro é, sim responsável pelos preços altos porque ele manteve o PPI, que atrela os preços dos combustíveis no Brasil aos preços internacionais dos barris de petróleo e à cotação do dólar”, diz a deputada Natália Bonavides (PT-RN).

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) diz que não adianta trocar os presidentes da Petrobras se o problema da alta dos combustíveis está no governo Bolsonaro, que endossa uma política econômica cruel com o povo. “A mudança que tem que ser feita é na presidência República”, disse.

A líder do PSOL na Casa, Sâmia Bomfim (SP), faz a mesma crítica: “Caiu o terceiro presidente da Petrobras indicado por Bolsonaro. Nesse empurra-empurra o preço dos combustíveis deve seguir altíssimo, pois o que precisa acabar é a dolarização e a paridade de importação. E, para o Brasil melhorar, tem que acabar também esse governo. Urgentemente!”

Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil

Troca de comando

Com a queda de José Mauro Coelho, que ficou um mês e nove dias no cargo, a gestão de Jair Bolsonaro (PL) terá efetuado a terceira troca de comando na estatal desde o início do governo.

O provável substituto é Caio Paes de Andrade, secretário de Desburocratização do Ministério da Economia. Ele foi indicado ao cargo pelo governo há um mês, mas a troca esbarrou nos trâmites legais definidos para a substituição.