Senadores ouvirão ministro e indígenas sobre as mortes de Bruno e Dom

 As oitivas serão realizadas nesta quarta-feira (22) em reunião conjunta com a Comissão dos Direitos Humanos (CDH)

Dom Phillips e Bruno Pereira (Imagem: Reprodução)

A comissão externa do Senado criada para investigar as mortes do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, na região do Vale do Javari, no oeste do Amazonas, vai ouvir o ministro da Justiça, Anderson Torres, e representantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).  As oitivas serão realizadas nesta quarta-feira (22) em reunião conjunta com a Comissão dos Direitos Humanos (CDH). Os indígenas serão os primeiros a serem ouvidos às 10h e, às 14h, será a vez do ministro.

“A ideia é ouvir todos os envolvidos nas mortes de Dom e Bruno não só para que haja a elucidação do caso, mas também para compreender a realidade da região, omissões na proteção dos defensores da Amazônia e ataques aos povos tradicionais da floresta”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele foi escolhido presidente do colegiado, tendo na vice Fabiano Contarato (PT-ES), e como relator, Nelsinho Trad (PSD-MS).

“O assassinato do indigenista e do jornalista britânico evidenciam a total ausência do Estado na região do Vale do Javari, marcada por conflitos entre indígenas e organizações criminosas envolvidas com o tráfico de drogas, a caça e a pesca ilegais, o garimpo e a extração ilegal de madeira”, afirmou Contarato.

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Ele ainda apresentou à comissão reinvindicações feitas por entidades de servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) como contribuições ao plano de trabalho. Um dos pedidos é o envio imediato de forças de segurança pública específicas para a garantir a integridade física dos servidores da Funai em todas as Bases de Proteção do Vale do Javari –Quixito, Curuçá e Jandiatuba, bem como as sedes das CRs [coordenações regionais] do Vale do Javari e CFPE-VJ.

A previsão inicial era de que a primeira visita ao interior do Amazonas acontecesse ainda nesta semana. Contudo, para adequações na agenda dos titulares da comissão e estruturação logística, a viagem está prevista para ocorrer na semana que vem.

Suspeito levando os policiais para a localização dos corpos (Foto: Reprodução do YouTube)

Câmara

Nesta terça-feira (21), a comissão externa da Câmara dos Deputados terá reunião para aprovar o calendário de ações voltados para investigar a morte do indigenista e jornalista. O coordenador do colegiado, José Ricardo (PT-AM), diz que é preciso esclarecer as causas do crime e suas circunstâncias, bem como de seus mandantes e executores.

“É mais um crime que revela o abandono da Amazônia pelas autoridades: Funai sucateada, pouca estrutura da PF e na Base Anzol, além da inércia do Conselho da Amazônia. Situações que serão objetos de debate dessa Comissão, diante dos crimes ambientais, das redes de narcotráfico e das omissões do Governo Bolsonaro e do governador Wilson Lima, que vêm resultando num estado de barbárie no Vale do Javari”, declarou o deputado, esperando subsídios para evitar que o exercício do jornalismo e da proteção ao meio ambiente deixe de ser de risco no Brasil.

Além de José Ricardo, também faz parte dessa Comissão: Joenia Wapichana (Rede-RR), vice-coordenadora; Airton Faleiro (PT-PA), Alice Portugal (PCdoB-BA), Bira do Pindaré (PSB-MA), Camilo Capiberibe (PSB-AP), Helder Salomão (PT-ES), Léo de Brito (PT-AC), Marcelo Ramos (PSD-AM), Nilto Tatto (PT-SP), Orlando Silva (PCdoB-SP), Perpétua Almeida (PCdoB-AC), Professora Rosa Neide (PT-MT), Rodrigo Agostinho (PSB-SP) e Vivi Reis (PSOL-PA).

O caso

Em nota, neste domingo (19), a Polícia Federal comunicou que identificou oito pessoas envolvidas nas mortes. Três estão presos e cinco foram identificados por terem participado da ocultação dos cadáveres. Os presos são Amarildo da Costa Pereira, conhecido como Pelado, Jefferson da Silva Lima e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos.

A embarcação utilizada pelos profissionais, que foi afundada após as mortes deles, também já foi localizada. Bruno foi morto com dois tiros no abdômen e outro na cabeça. Dom Phillips levou um tiro no abdômen/tórax. A arma usada nos crimes foi uma espingarda de caça. Os dois estavam desaparecidos desde o dia 5 deste mês. Bruno era funcionário licenciado da Funai, e Dom, colaborador do jornal britânico The Guardian.

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