Em Sergipe, Lula diz que vai cuidar do povo e da cultura

“A gente vai cuidar desse povo e desse país. A palavra cuidar é melhor do que governar, porque governar parece que está por cima, para cuidar tem que estar junto”, afirmou o ex-presidente.

Finalizando a semana de agendas pelo Nordeste, o ex-presidente Lula e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, participaram de ato do movimento Vamos Juntos pelo Brasil, em Aracaju (SE). No seu discurso, o pré-candidato a mais um mandato na presidência da República afirmou que o Brasil e seu povo precisam ser cuidados. Para isso, ele defende que o governo precisa deixar o conforto dos palácios em Brasília para conhecer de perto os problemas do povo, assim como ele fez em 2003, logo após assumir o mandato.

“A gente vai cuidar desse povo e desse país. A palavra cuidar é melhor do que governar, porque governar parece que está por cima, para cuidar tem que estar junto. E para cuidar corretamente a gente vai ter que ouvir vocês”, afirmou aos milhares que lotaram o Centro de Convenções de Aracaju.

Leia também: “Ele vai ter que aprender a perder”, diz Lula sobre Bolsonaro

O ex-presidente falou dos problemas que encontrou quando assumiu a presidência há 19 anos, com a inflação e o desemprego em alta, o país sem reservas internacionais e com uma dívida pública altíssima, equivalente a 65% do PIB. Com essa experiência, ele afirma que pode recuperar o Brasil novamente.

Ele lembrou que foi torneiro mecânico e trabalhou muito tempo na manutenção. “E vocês sabem que quem trabalha na manutenção, trabalha para resolver as coisas que parecem impossíveis. Eu falei: ‘pois bem, vou resolver esse negócio’ e em 2005 a dívida pública já tinha caído para 35% do PIB e a inflação estava na meta. E começamos a gerar emprego, não é difícil gerar emprego. Para gerar, você precisa acreditar que o Estado é o indutor do desenvolvimento. Sem isso, o empresário não vai acreditar e não vai investir”, completou.

Alckmin: Bolsonaro teme o voto popular

Foto: Ricardo Stuckert

Alckmin, por sua vez, disse que, ao visitar Uberlândia (MG), Natal, Maceió e Aracaju nos últimos quatro dias, ficou encantado com a confiança que o povo brasileiro demonstra por Lula.

“Nós estamos vindo, desde quarta-feira, com a liderança do presidente Lula. Uberlândia, em Minas Gerais, Natal, Maceió e, agora, esta festa maravilhosa aqui em Aracaju. E a conclusão que eu chego é a seguinte: o Bozo, ele não está desconfiado da urna eletrônica. Ele não confia é no voto do povo, porque sabe que não merece um segundo mandato”, afirmou o pré-candidato a vice-presidente em uma futura chapa com Lula.

Leia também: Em Natal, Lula diz que vai “abrasileirar” preços dos combustíveis

Participaram do ato várias personalidades estaduais, entre elas o senador Rogério Carvalho, pré-candidato ao governo de Sergipe que comemorou a união dos sete partidos que formam o movimento Vamos Juntos pelo Brasil. Para ele, a aliança entre pessoas que já disputaram entre si pode ser essencial para uma retomada democrática do país.

Presidenta do PCdoB compara bolsonarismo a Silvério dos Reis

Foto: Ricardo Stuckert

A presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, que é também vice-governadora de Pernambuco, representou o Partido no ato. “O PCdoB considera que tem duas coisas muito importantes na política: a coerência e o lado. E o PCdoB é o Partido que está ao lado de Lula e de Dilma desde 1989, a primeira eleição [depois da redemocratização].

Luciana Santos citou o pernambucano Barbosa Lima Sobrinho que afirmou haver dois partidos: o partido de Tiradentes e o partido de Joaquim Silvério dos Reis, um delator da Inconfidência Mineira. Ela comparou Bolsonaro ao traidor. “O bolsonarismo veste verde e amarelo, mas é o maior entreguista da história, vendeu a Eletrobrás, desmontou as refinarias e agora anuncia a venda da Petrobras”, criticou.

Disse ainda que o atual presidente se comportou como aliado dos vírus [da Covid-19], mas que ele está com os dias contados. “Esse não gosta de gente, porque gente está do lado de cá. Queremos para o Brasil o lado do FIES, do Pronatec, do pleno emprego e do desenvolvimento. E esse lado tem nome, é Luis Inácio Lula da Silva”, afirmou.

Encontro com a cultura

Foto: Ricardo Stuckert

O ex-presidente Lula participou de um encontro em defesa da cultura nacional e regional no centro histórico de São Cristóvão, o primeiro município fundado em Sergipe, que fica junto à capital, Aracaju. Em seu discurso ele afirmou que a cultura popular brasileira é um bem que precisa ser defendido.

“Um país que não tem cultura é um país pobre, um país triste, um país que o povo não se manifesta. Porque através da manifestação cultural é que a gente mostra que tipo de povo que a gente é, que tipo de mulheres e homens nós somos, que tipo de sociedade a gente tem”, disse o ex-presidente. “Quem tem medo de cultura é quem tem medo de democracia, é porque tem medo do povo”.

Para ele, a tentativa de se sufocar as manifestações culturais é fruto de uma política de dominação com as poucas políticas educacionais verdadeiramente inclusivas que podem ser observadas ao longo dos primeiros séculos da história do Brasil.

Leia também: Lula se compromete, se eleito, a recriar o Ministério da Cultura

“No Brasil, a cultura popular sempre foi uma coisa criminalizada. O samba foi criminalizado até a década de 1930, as pessoas não podiam bater um pandeiro, tocar um violão perto do Theatro Municipal no Rio que elas iam presas, por isso o samba subiu o morro. A capoeira era criminalizada, as pessoas que jogavam eram consideradas marginais. A cultura era tão banida no Brasil que o país foi descoberto em 1500 e a primeira universidade brasileira só foi feita em 1920. O que significa isso? A Coroa portuguesa e a elite brasileira nunca levaram em conta a necessidade do povo aprender, ler, ir para a escola. O interesse era manter o povo na mais profunda ignorância”, disse ele.

Lula reafirmou sua intenção de recriar o Ministério da Cultura, caso seja reeleito, e de espalhar comitês estaduais e municipais de cultura pelo país. Para ele, essas ações são necessárias para ampliar a inclusão de milhões de brasileiros, especialmente nos locais mais necessitados. 

.

Autor