Presidente do Equador declara estado de exceção para acalmar protestos

Medida permite mobilização das Forças Armadas e determina toque de recolher noturno. Há cinco dias, indígenas saem às ruas do país contra aumento do preço de combustíveis e do custo de vida.

População equatoriana mais pobre se revolta com governo Lasso.

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, declarou estado de exceção em três províncias do país andino, em uma tentativa de acalmar protestos convocados por grupos indígenas contra políticas econômicas do governo. Bloqueios de estradas e ocupação de instalações petrolíferas, que paralisam a produção, foram contestantes nos cinco dias de protestos. Os manifestantes e forças de segurança entraram em confronto em diversos momentos, deixando vários feridos e dezenas de detidos.

Na quinta-feira, o presidente do Equador afirmou não ter visto qualquer motivo para os protestos dos indígenas e comparou a situação atual com a de outubro de 2019, quando houve uma mobilização semelhante que exigia a revogação de um decreto que eliminava os subsídios à gasolina.

A medida ficará em vigor por 30 dias nas províncias de Imbabura, Cotopaxi e Pichincha – o que inclui a capital Quito -, que registraram os protestos mais violentos, com ataques a plantações de flores e danos à infraestrutura.

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O estado de emergência permite a mobilização das Forças Armadas para apoiar a Polícia Nacional na garantia da ordem interna, além de suspender o direito dos cidadãos de se reunirem e impor um toque de recolher noturno das 22h às 5h.

O toque de recolher em Quito ocorre a partir deste sábado (18), disse Lasso no fim da sexta-feira, e reuniões de pessoas serão proibidas o dia inteiro nas províncias afetadas. Ele não disse por quanto tempo as medidas durarão.

“Pedi diálogo e a resposta foi mais violência, não há intenção de encontrar soluções”, disse Lasso, pela televisão.

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O ponto mais polêmico do decreto determina a restrição do “direito à liberdade”, permitindo que o governo exija de provedores que operam redes públicas de telecomunicações que suspendam ou diminuam a qualidade dos serviços.

Grupos indígenas começaram os protestos na segunda-feira, com manifestantes bloqueando ruas ao redor do país em oposição às políticas econômicas e sociais de Lasso, exigindo o congelamento do preço da gasolina, a interrupção de mais projetos de mineração e petróleo. As demandas também incluem o controle estatal para evitar a escalada de preços, a anulação das privatizações e aplicação de moratórias sobre as dívidas dos camponeses com mais tempo para pequenos agricultores pagarem seus empréstimos bancários.

Lasso aumentará auxílio aos setores mais vulneráveis, que passa de 50 dólares para 55 dólares, e subsidiará o custo de fertilizantes em 50% para fazendeiros pequenos e médios, e o banco público perdoará empréstimos vencidos até 3 mil dólares.

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Não haverá aumento no custo do diesel, gasolina e gás, acrescentou.

Leonidas Iza, presidente da organização indígena equatoriana Conaie, disse que as propostas de Lasso parcialmente resolvem os problemas, mas duvidou que serão implementadas, disse nas redes sociais.

Das agências internacionais

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