Movimento LGBT+ e Parada de São Paulo priorizam voto representativo

Organizações do movimento anunciam 125 pré-candidaturas com foco em enfrentar o ódio e discurso contra LGBT+

A Parada LGBT foi realizada pela última vez em São Paulo em 2019. Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas

Após dois anos de atividades virtuais por causa da pandemia, a Parada LGBT do Brasil, uma das maiores do mundo terá mais uma edição presencial no dia 19 de junho, a depender dos protocolos sanitários vigentes no dia. Segundo comunicado da Associação da Parada (APOLGBT), “em um ano de eleição, o evento reitera seu compromisso com a luta contra o preconceito e pela busca por representantes que pautem políticas públicas afirmativas e estejam engajados com a promoção dos direitos humanos”.

O Programa Voto com Orgulho, realizado pela Aliança Nacional LGBTI+ e entidades parceiras, já recebeu 125 cadastros de pessoas LGBTI+ e aliadas sobre pré-candidaturas para as eleições de 2022. Este número deve avançar muito nos próximos dias, como revela o levantamento, especialmente com a realização, este mês, da 26ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, com o tema Vote com orgulho – por uma política que representa.

“Neste ano de desafios, em que continuamos enfrentando a COVID-19, queremos que o público se lembre da sua responsabilidade em apoiar representantes que estejam comprometidos com um Brasil mais justo e igualitário – por isso endossamos na nossa campanha a necessidade de atenção com as eleições que se aproximam”, diz Claudia Garcia, presidenta da ONG APOLGBT SP.

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O diretor de Políticas Públicas da Aliança Nacional LGBTI+ e coordenador geral do Programa Voto Com Orgulho, Cláudio Nascimento, aponta em comunicado enviando ao Portal Vermelho a necessidade dessas pré-candidaturas obterem mais apoio de seus partidos com tratamento político igualitário para disputar o pleito eleitoral.

“O número de pré-candidaturas LGBTI+ listadas nesta segunda parcial é uma grande notícia, mas, para avançar a representatividade LGBTI+ na política e alcançarmos mais visibilidade de nossas vozes, é necessário que os partidos políticos valorizem e apoiem as pessoas LGBTI+ pré-candidatas, garantindo acesso a recursos do fundo eleitoral, tempo de televisão”, afirmou.

Na última eleição municipal, ele informa que a maioria das candidaturas LGBTI+ não teve apoio efetivo de partidos, mesmo entre as vereadoras e os vereadores LGBTI+ eleitos. “Esperamos que esse ano os partidos nos assumam mais”, completa.

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Para o presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, que também é coordenador da Carta Compromisso para a Cidadania LGBTI+ – Eleições 2022, a representatividade na política é importante. Ele informa que, hoje, são quatro pessoas LGBTI+ eleitas no Congresso Nacional e mais 104 eleitas nos municípios e nos estados.

“Precisamos aumentar esta representatividade com pessoas com lugar de fala e pessoas aliadas, para enfrentarmos o discurso de ódio LGBTIfóbico apregoado por fundamentalistas religiosos e pessoas extremistas”.

Destaques

Das 125 pré-candidaturas, a maioria das pessoas cadastradas aponta preferências político-partidárias de esquerda e centro esquerda, com 97 registros, segundo o levantamento divulgado pela Aliança. Já aquelas de centro direita (4) e de centro (13) são 17 pessoas. As pessoas que se consideram de extrema esquerda são nove e duas de extrema direita. Estas classificações são subjetivas, já que muitas pessoas de partidos de direita se consideram de esquerda e as demais flutuam entre estas classificações.

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O Portal Vermelho contou 33 pré-candidaturas do PSOL, 19 do PDT, 18 do PT, 10 do PSB, 9 da Rede, 7 do Cidadania, 6 do PCdoB, 5 do MDB e do PSDB, 3 do Solidariedade, 2 do PV e do PMB, e os demais partidos com uma pré-candidatura cada (Republicanos, PP, PTC, Avante, DEM e Novo).

A lista completa pode ser conferida aqui.

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Quanto ao cargo pretendido, há uma novidade nesta parcial: duas candidaturas de pessoas LGBTI+ para governadora, uma no estado do Paraná e uma no Distrito Federal. Para o cargo de deputado(a) estadual (e distrital) há 87 e para deputada(a) federal 36.

São Paulo ainda é o estado com mais cadastros (19), mas agora divide a liderança com Paraná, seguido por Minas Gerais (15) e Rio de Janeiro (14). Contudo, a mudança mais expressiva está no Distrito Federal, que reuniu 12 candidaturas em apenas 20 dias.

Esse aumento é puxado em grande parte pelos homens e mulheres cis (gays e lésbicas). Eles saíram de 43 pré-candidaturas para 65, enquanto elas saíram de 12 para 27. Mulheres trans e travestis também tiveram um aumento considerável: antes 14, agora 25. Já homens trans permaneceram com 2 candidaturas.

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Quanto à escolaridade, observar que o número de pessoas com curso superior completo reúne 65 pessoas. Até o ensino médio são 21. São 36 pessoas com renda de até um salário mínimo, 19 pessoas até R$ 2.090,01 e 31 entre 2.090,01 e 4.180,00. Na faixa acima de R$ 4.180,00 até R$ 10.450,01 , são 29 pessoas e 5 acima de R$ 20.900,01.

Voto com Orgulho

O Programa Voto Com Orgulho é coordenado pela Aliança Nacional LGBTI+ em parceria com o Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+ (Rio de Janeiro) e o Grupo Dignidade (Curitiba), e conta com apoio institucional do Sinergia Instituto de Diversidade Sexual de Minas Gerais, Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, União Nacional LGBT, Rede Trans, Sleeping Giants Brasil, Associação de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH).

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