PCdoB celebra centenário no marco de intensa luta de classes

Renato Rabelo e Luciana Santos abriram o seminário PCdoB centenário e contemporâneo, pontuando como o Partido permeia a história do país e chega a 2022 coerente com sua luta em defesa do Brasil, da democracia e do socialismo.

O jornalista e poeta Adalberto Monteiro abre o seminário sobre o centenário do Partido Comunista do Brasil.

Começou nesta sexta-feira (13), o seminário PCdoB centenário e contemporâneo. Promovida pela Comissão do Centenário e pela Fundação Maurício Grabois, o evento com cinco mesas, envolvendo 16 apresentações históricas, econômicas, geopolíticas e sociais, vai até domingo (15) com atividades presenciais e transmissão ao vivo pelas redes sociais.

Como explicou o secretário de Formação e Propaganda do PCdoB, Adalberto Monteiro, as mesas do seminário permeiam a história do Brasil, mirando o futuro.

Ele relatou que, desde outubro de 2021, no 15º Congresso do PCdoB, quando a presidenta nacional, Luciana Santos, desencadeou as comemorações do centenário, já aconteceram centenas de celebrações pelo país, nos mais diversos formatos.

Leia mais sobre o 15º Congresso

Adalberto contou sobre o sucesso da realização do Festival Vermelho, em Niterói, em março, com a declaração de apoio oficial à pré-candidatura de Lula. Fora realizadas sessões solenes no Congresso Nacional, em Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais pelo país. A Câmara dos Deputados, em Brasília, teve cem metros ocupada por uma exposição iconográfica de 350 fotos e documentos. Além de atividades festivas e reuniões por estados e municípios onde o Partido está organizado.

Veja as fotos do Festival Vermelho

Além disso, a Editora Anita Garibaldi e a Fundação Maurício Grabois lançaram o livro de Imagens da Centenária Luta do Partido Comunista do Brasil, disponível para download; a autobiografia de Haroldo Lima; a obra de Osvaldo Bertolino, Rio Vermelho, resgatando a história da luta comunista no Rio Grande do Norte durante o levante de 1935; a biografia Tom, também de Bertolino, contando a vida do ex-padre que tornou-se operário e enfrentou a ditadura militar; e a obra que conta os Cem anos do Partido Comunista no Movimento Sindical, obra de Guiomar Prates e Nivaldo Santana.

Foi exibido o curta-metragem Feito de amor e coragem, com roteiro de Guido Bianchi e direção de Zé Eduardo Miglioli, que pode se assistindo abaixo:

Síntese histórica

Em seguida, o presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo, pontuou os grandes momentos da trajetória do Partido Comunista, entrelaçados com a história do Brasil, para revelar a identidade que o mantém atual na luta em defesa do Brasil, da democracia e do socialismo. Ele fez isso, apresentando o documento PCdoB – Um século em defesa do Brasil, da democracia e do socialismo, aprovado em reunião no dia 18 de março de 2022, pela Comissão Política Nacional (CPN).

O documento está alicerçado em outras duas sínteses históricas aprovadas pelo Comitê Central: 50 anos de luta, de 1972, e PCdoB, 90 anos em defesa do Brasil, da democracia e do socialismo, de 2012.

Ele demonstra como as histórias do Partido e do país estão entrelaçadas e precisam se cruzar para se entender uma a outra. A síntese da história do PCdoB envolve uma íntima relação com a dinâmica da história nacional, mas também com a dinâmica interna de sua construção.

Renato destaca que, desde 1922, o Partido passou por vários processos de reorganização, atualizando sua estratégia e adequando-a às crises e transformações históricas e ideológicas, sempre mantendo sua coluna vertebral em defesa dos mesmos princípios. 

Em 1962, um evento modesto revestiu-se de grande importância histórica, quando o Partido foi reorganizado diante das ameaças que se avizinhavam contra o movimento comunista brasileiro e internacional. Da mesma forma, no início dos anos 1990, diante das “apostasias no seio do movimento comunista”, foi capaz de manter sua identidade em meio ao abalo que outros partidos de esquerda sofriam em sua concepção. 

Renato destaca que o PCdoB soube avaliar suas alianças fundamentais e transitórias, sempre em defesa de uma frente ampla para isolar e derrotar o inimigo principal. O documento revela que o Colégio Eleitoral, ainda na ditadura, foi um engenho do PCdoB, que contou com apoio de ampla aliança. Recentemente, a proposta avançada na legislação eleitoral, que estava arquivada, foi resgatada para a aprovação das federações eleitorais, de autoria do deputado Haroldo Lima.

A capacidade de aglutinação em defesa das lutas do povo foi demonstrada na incorporação da Ação Popular, durante a ditadura, em momento crucial de acirramento da perseguição aos democratas. 

Outra prova dessa capacidade, observa Renato, é que, em momento de grande dificuldade na luta de resistência atual, foi decisiva a incorporação do Partido Pátria Livre, com seus quadros preparados.

O PCdoB tem dado sua contribuição na elaboração do pensamento desenvolvimentista, em meio a um governo de desmonte do estado nacional. Segundo o dirigente, a síntese desta história é que o PCdoB está “fincado no solo pátrio como uma corrente revolucionária”. 

O PCdoB dá sua contribuição à luta da esquerda ao apresentar seu Programa Socialista, ao analisar e elaborar a questão central da alternativa, a nova luta pelo socialismo, as condições do Brasil no contexto contemporâneo e na realidade internacional.

O documento dos cem anos, apresentado por ele, também se soma a isso ao apresentar sínteses orientadoras da construção do Partido como contribuição para os múltiplos desafios da atualidade. É uma homenagem às gerações que construíram o Partido, desde Astrojildo Pereira, Luis Carlos Prestes, João Amazonas, o próprio Renato Rabelo, durante os ciclos progressistas do governo lula, e na atualidade, Luciana Santos, a primeira mulher a conduzir o Partido, ocupando a linha de frente da oposição ao bolsonarismo. Sob sua direção, o Partido tomou a iniciativa da Frente Ampla para aglutinar forças para derrotar os retrocessos.

O documento apresentado por Renato será debatido no final de maio no Comitê Central, quando a Fundação Maurício Grabois encaminhará para publicação.

Leia aqui a íntegra do documento que serviu de base para a apresentação de Renato Rabelo.

O combate contra o retrocesso

A presidenta nacional do PCdoB, atual vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, fez sua apresentação aos cem anos do Partido, demonstrando como os valores defendidos durante toda essa trajetória estão presentes no combate atual contra os retrocessos do Governo Bolsonaro. “Uma saga heróica com os pés no presente e os olhos no futuro”.

Uma trajetória de lutas em que o PCdoB atua sempre aliado a outras forças políticas democráticas. “Soube aprender com erros e renovar-se com lições da história”, observa ela, referindo-se ao modo como o Partido vai superando o sectarismo e aprendendo a unificar as forças progressistas em torno das demandas centrais da classe trabalhadora.

Mas ela revela em sua fala como o Partido Comunista tem chegado ao centenário com um caráter contemporâneo, ao mesmo tempo. Para começar, a celebração do centenário se dá em meio “à intensa luta de classes e extremismo de direita”. 

Luciana pontua como Bolsonaro joga para gerar crise institucional, ao questionar as eleições e ameaçar a democracia. Ele é um constante fator desestabilizador do país num momento em que o conflito na Ucrânia expressa a crise de hegemonia imperialista, e serve ao objetivo secundário de atingir a China.

O modo como, em um único mandato, o governo aumento a taxa Selic de 2% para 12%, sem conseguir reduzir a alta inflação, sem reduzir o desemprego e corroer o poder de compra do salário mínimo, são fatores que demonstram a dimensão da luta de classes que se impõe. Segundo a dirigente partidária, convivemos com uma epidemia de fome ignorada pela alienação do presidente. “Uma panela de pressão que pode explodir”, alerta.

Agora, o Partido aponta para mais um apoio à pré-candidatura do ex-presidente Lula, atento à preocupação demonstrada nas pesquisas de que a população aponta o emprego, a renda e a saúde como os principais problemas a serem enfrentados. Junto com isso, as pesquisas revelam que Bolsonaro reduz sua rejeição e recupera parte do eleitorado, mesmo diante da maioria que considera a economia o principal problema do país.

Na análise de Luciana, a radicalização de Bolsonaro “desidrata as eventuais candidaturas de terceira via”. Ciro Gomes (PDT) seria a única que conseguiria ultrapassar 5% de intenções de voto devido a seu consistente projeto de governo. Na prática, ele seria o fator que leva a disputa ao segundo turno.

O fato da estratégia de Bolsonaro estar constantemente tentando desviar a atenção do eleitor e da mídia dos assuntos relevantes que seu governo não enfrenta, para Luciana, mostra que ele é uma expressão de poder distante dos anseios do povo.

É nesta conjuntura que “o centenário é celebrado no marco das lutas do nosso povo”, conclui a dirigente do PCdoB.

O ato foi encerrado com a récita do poema A meu partido, de Adalberto Monteiro. Leia o poema aqui.

Leia também a íntegra do discurso de Luciana Santos, abaixo:

Seminário PCdoB 100 anos – centenário e contemporâneo 

  • Estimados camaradas que acompanham a abertura dos trabalhos do seminário sobre os 100 anos do nosso PCdoB, gostaria muito de poder estar de forma presencial nesta noite de hoje com todos vocês, contudo, a intensa agenda política e os resquícios da pandemia, que já ceivou a vida de quase 700 mil brasileiros, me impedem de estar presente. 
  • Esta atividade é parte da agenda de celebrações do centenário do PCdoB. É momento de uma reflexão mais apurada e coletiva sobre a trajetória de um século de lutas da legenda comunista. Não há episodio político relevante na história do Brasil nestes últimos cem anos que os comunistas não estivessem presentes. 
  • Atuamos em unidade com outras forças políticas democráticas, na busca pelo desenvolvimento soberano do país, por democracia e pelo progresso social.  Muito dos direitos do povo, muito do nível de consciência, unidade e organização da classe trabalhadora têm o aporte, a contribuição dos comunistas. É uma história permeada pelo heroísmo e dedicação às causas da nossa gente e à luta por uma nação soberana, democrática e socialista.
  • Ao longo de nossa existência, procuramos ampliar o domínio da base teórica que nos fundamenta, o marxismo-leninismo e fazer dele instrumento de compreensão da realidade brasileira e suas transformações. O Partido soube aprender com os erros, enriquecer-se com as lições da história, renovando nosso pensamento político, tático e estratégico, buscando dar no curso concreto da luta, respostas aos novos dilemas e desafios a nova jornada de luta pelo socialismo. 
  • O que nos faz ser centenário e contemporâneo ao mesmo tempo? O que nos faz ser o mais antigo e ao mesmo tempo ser o das ideias avançadas ao nosso tempo? Somos um partido que é expressão de anseios profundos, ideias que estão enraizados, como a defesa da democracia, da soberania, do desenvolvimento e da justiça e progresso social. Procuramos dar contribuições políticas que contribuam para a saída das múltiplas crises que a realidade nos apresenta. É isto que vimos com a nossa posição de defesa da frente ampla para derrotar o extremismo que hoje governa o país. 
  • Hoje colocamos nossas energias para abrir veredas, construir caminhos para que nosso país saia da grave crise que se encontra. As celebrações de nosso centenário se dão no curso de uma intensa luta de classes, que tem entre suas dimensões a luta por restaurar a democracia, retomar o desenvolvimento e garantir vida digna ao povo. Uma batalha que passar essencialmente por derrotar nas urnas o governo de extrema direita, e devolver a esperança a nosso povo.  

O Brasil vive uma das mais complexas e graves crises de sua história. 

  • O quadro político tem ganhado contornos complexos e forte tensão política e institucional. Além da grave situação econômica e social, piorada pela ausência de medidas destinadas a enfrentar a situação, Bolsonaro joga para agravar a crise entre as instituições, questiona a lisura das urnas eletrônicas, abrindo caminho para possíveis questionamentos do resultado eleitoral. Em síntese, Bolsonaro é o fator dinamizador da instabilidade que o país vive. Seu projeto autoritário de poder, retrogrado e antinacional impõem o desafio as forças democráticas de construir ampla unidade com o objetivo de o derrotar. 

O quadro internacional é marcado por instabilidades oportunidades no tabuleiro da geopolítica 

  • O ambiente internacional tem ganhado contornos de grande instabilidade e que afeta diretamente países como o Brasil. O conflito na Ucrânia possui múltiplas camadas e dimensões, sejam elas geopolíticas e geoeconômicas que quando visto de um modo mais abrangente, fica nítida a natureza sistêmica do conflito e sua relação com o interesse das grandes potenciais em conter a emergência de novos polos de poder.  Se bem o conflito, é na Ucrânia, ele busca atingir em último caso a China. 
  • Entre suas consequências imediatas há uma crescente fratura no processo de globalização, com a expulsão da Rússia do sistema de pagamentos internacional, e as fortes sanções que impactam na rupturas das cadeias de valor global e de suprimentos. 
  • O conflito colocou em evidência as inúmeras vulnerabilidades externas que o Brasil possui, como a dependência de fertilizantes essenciais para o setor agrícola. Ao mesmo tempo é uma oportunidade para nacionalizarmos cadeias produtivas setores estratégicos, como tem realizado os países desenvolvidos, buscando diminuir a dependência externa.  
  • Quando olhado o cenário internacional e as projeções econômicas do Brasil ficam ainda mais complicadas. Além da escassez de insumos para a produção de commodities, a alta inflacionaria decorrente do embargo as fontes de energia da Rússia, os impactos da pandemia na China, o endurecimento da política monetária dos EUA, com a elevação da taxa de juros, alimenta o espiral inflacionário, que afeta os países emergentes, e entre eles de forma mais grave o Brasil. 

A crise econômica e social é grave 

  • A taxa Selic subiu de 2% no início de 2021 para 12,75% na última semana, retraindo ainda mais o setor produtivo e a já combalida economia. Segundo dados divulgados esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação acumulada em 12 meses chegou a 12,13%, sendo a maior desde outubro de 2003. E ela é mais sentida justamente por quem ganha menos. O diesel com o aumento dado esta semana pela Petrobras, chegará a 4,91 o litro, a gasolina já se aproxima dos dois dígitos.  
  • Na atualidade os desempregados, subocupados em bicos e pessoas fora do mercado de trabalho, mas que precisam trabalhar, somam 29,1 milhões, ou seja, 25% da força de trabalho brasileira ou está sem emprego ou está no subemprego (destes 30% são jovens). 
  • Bolsonaro será o primeiro presidente da história a terminar o mandato com o salário-mínimo menor do que ao início de seu governo. 
  • O nível de alienação do governo com os problemas reais do país, não permite enfrentar a alarmante “epidemia da fome” que já atinge a 116,8 milhões de brasileiros. O drama social pode ser visto nas ruas, com um número cada vez maior de pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade. Somente em São Paulo, a população de rua cresceu 32% no periodo da pandemia. 
  • A degradação das condições da vida, o desemprego e o trabalho precário e a fome estrangulam o tecido social, geram desalento, e compõem este ambiente que é uma verdadeira panela de pressão, que se não encontrar uma válvula de escape, uma esperança, pode explodir. 

A construção da frente ampla ganha forma e contornos próprios. 

  • O ano e 2022 vai se caracterizando por ser de uma acirrada e intensa luta de classes no Brasil. A situação do país é grave após um ciclo de grande instabilidade iniciado com o impeachment da presidenta Dilma e que tem sua fase mais aguda com a ascensão da extrema direita ao governo central do país. 
  • Ao longo deste percurso foi se produzindo convergência de que a única tática possível para derrotar uma força de feições fascistas é da conformação de uma ampla frente política. Esta tem sido a contribuição do PCdoB. Dedicar energias a construir movimentos de frente ampla, na tarefa de libertar o país do governo Bolsonaro, de restaurar a democracia e promover uma reconstrução nacional que abra perspectiva a um novo ciclo de prosperidade, desenvolvimento soberano em harmonia com a proteção do meio ambiente e de progresso social.
  • Para liderar este projeto, o PCdoB decidiu na última reunião de seu Central, nosso apoio à construção da candidatura presidencial do ex-presidente Lula, credenciada, pelo respaldo de uma frente ampla, para conquistar a maioria dos brasileiros e brasileiras, e, assim, disputar, vencer e governar.
  • Lula vem defendendo com sagacidade a construção desta frente, buscando atrair tanto as forças de centro comprometidas com a tradição democrática, como ao mesmo tempo, conformar um polo das forças populares e de esquerda a partir da construção da Federação Brasil da Esperança – FÉ Brasil.

A cinco meses das eleições a disputa eleitoral esquenta 

  • Mesmo que a grande parcela do eleitorado ainda não esteja focada com as eleições, é crescente a percepção de sua proximidade, como também o anseio real de mudança do atual estado das coisas. As pesquisas qualitativas indicam que se encontra no topo das preocupações dos brasileiros, o emprego, a renda e saúde. O povo com sua sabedoria quer impor um fim ao descaso do governo que está ai.
  • As variadas pesquisas de opinião que tem sido divulgada quase que semanalmente, tem demostrado certa estabilidade do quadro. No geral elas afirmam que Lula lidera em todos os cenários, mas que Bolsonaro reduzido sua rejeição, e recuperado parte do eleitorado que votou nele em 2018.  
  • O impacto da situação econômica na realidade das pessoas, somado ao legado de seus governos é a grande chave até então da candidatura de Lula. De acordo com as pesquisas para 50%, a economia é o principal problema enfrentado pelo país hoje, e 59%, continua com grandes dificuldades para pagar suas contas nos últimos meses. A preocupação com a inflação e o desemprego se destaca entre os entrevistados. 

Juntos pelo Brasil

  • A primeira atividade de massas da pré-candidatura de Lula foi em Niterói com o festival Vermelho. De lá para cá, crescem as atividades. O lançamento da pré-candidatura de Lula e Geraldo Alckmin foi um acontecimento importante dentro da conjuntura política. O discurso de Alckmin se destacou ao fazer um chamado as demais forças de centro a se somarem a iniciativa, destacando que diante do quadro, das ameaças a democracia, a única via existente é de Lula. 
  • Ao mesmo tempo, Lula realizou sinalizações para as forças de centro, para setores do mercado e para a militância. Em uma eleição que é plebiscitária, o nosso desafio é conseguir atrair outras forças, e buscar levar as eleições para uma decisão já no primeiro turno, algo muito difícil é fato. 

A terceira via desandou

  • O quadro de forte polarização e de radicalização da postura de Bolsonaro tem levado a uma desidratação das candidaturas da terceira via. Ao não centrarem suas energias no principal ameaça ao país, que é a candidatura de Bolsonaro, elas perderam densidade e arranque. 
  • A luta fraticida dentro do PSDB para se averiguar se quem venceu as previas será mesmo candidato, o deslocamento que Sergio Moro sofreu após mudar do Podemos para o União Brasil, e a candidatura de Simone Tebet são iniciativas que não tem conseguido atrair força eleitoral. 
  • A candidatura de Ciro é a única que possui um projeto e tem conseguido de forma solida ultrapassar os 5% das intensões de votos. Na fotografia de hoje, é a candidatura de Ciro que estatisticamente faz com que a decisão das eleições vá ao segundo torno. É muito difícil que Ciro retire sua candidatura, mas ela pode chegar as vésperas da eleição completamente desidratada. 

Bolsonaro procura reverter o quadro das pesquisas

  • A atitude de Bolsonaro de jogar com a instabilidade e com ameaças veladas de golpe, de questionar a legitimidade das urnas buscam criar um ambiente de insegurança e desconfiança em torno do sistema eleitoral. Isto tem o objetivo de desviar a atenção dos reais problemas do país, e ao mesmo tempo incentivar o tumulto. 
  • Bolsonaro é expressão de uma fração reacionária e autoritária das classes dominantes, é produto desta época, da cultura digital, da fragmentação e polarização da sociedade, não é um sujeito puramente transloucado, é uma expressão de poder, cada vez mais distante dos reais anseios do nosso povo. É uma direita que tomou gosto pelas ruas, que no último primeiro de maio tinha tanto gente quanto havia no ato convocado pelas centrais. 
  • Bolsonaro não deve ser subestimado. Os instrumentos de poder que possui a sua disposição não são pequenos. Além do Auxílio Brasil que atinge a um significativo número de famílias, programas como concessão de 90 bilhões em linhas de crédito para pequenos e médio empresários, perdão da dívida do FIES, além das emendas do orçamento secreto são parte do pacote eleitoral do governo. 
  • Em conjunto com estas medidas, há uma parcela das elites econômicas, dos setores vinculados ao rentismo, verdadeiros abutres, que mesmo de modo envergonhado se aproximam novamente de Bolsonaro, que sinaliza para estes setores com anúncios como o realizado pelo novo Ministro de Energia, de que sua prioridade é a privatização da Petrobras.  
  • É preciso atuar com o objetivo de conter a escalada golpista e desestabilizadora que Bolsonaro procura construir, em um jogo que busca de todas as forças envolver as forças armadas. Uma ação desta natureza teria custos elevadíssimos para o país, em torno das quais temos que dar respostas políticas. Uma delas é criando condições para uma resposta das próprias urnas e a possibilidade de vitória com uma margem significativa de votos. 

Os próximos cinco meses serão de intensa luta política. 

  • Esta eleição é sem dúvida a mais relevante e disputada desde a redemocratização, e em certa medida, ela poderá nos fazer retroceder das conquistas que obtivemos desde então. Mesmo com todo ativismo do judiciário com vistas a conter os excessos de Bolsonaro, sua campanha irá utilizar de todos os instrumentos para denegrir, confundir e tumultuar. Mesmo que as pesquisas indiquem hoje uma margem maior para Lula, será uma eleição apertada onde cada eleitor deve se tornar um militante da campanha.  

Dentro deste quadro de disputa devemos atuar para eleger nossa bancada.

  • Dentro da disputa geral, temos que colocar nossas atenções para o nosso projeto eleitoral. Precisamos reeleger nossa bancada e ampliar a presença dos comunistas no parlamento. Sabemos que este não é um momento de ascensão, ao contrário, ainda estamos em um momento de defensiva, em que há uma possibilidade de virada.
  • Sabemos o quanto nossa bancada é atuante e o quanto ela é importante para conquistas para os trabalhadores e para o país em geral. Nossa luta é para elegermos uma expressiva bancada do PCdoB no parlamento. Dentro desse desafio está a reeleger a bancada e construir um projeto eleitoral coeso que nos aproxime de 15 candidaturas competitivas em 12 estados. 
  • A grande novidade da disputa eleitoral será a experiência das federações partidárias. A Federação Brasil da Esperança – FÉ Brasil com PT, PV e PCdoB está em pleno vapor em seu processo de registro e buscará ser o polo avançado dentro da coalisão mais ampla que o presidente Lula irá requerer para disputar e vencer as eleições. 

Um ano de intensas lutas será a melhor forma de celebrarmos o nosso centenário 

  • O ano que celebramos o centenário do PCdoB e o bicentenário de nossa independência será marcado por intensa luta de classes. É dentro deste contexto que iremos celebrar o nosso centenário, no marco das lutas do nosso povo. A história de nosso partido se entrelaça com os momentos decisivos do Brasil e as lutas de nossa gente. Em seu centenário não seria diferente. 
  • A luta para derrotar Bolsonaro e abrir caminho para a construção de uma nova maioria política na sociedade brasileira com vistas a rumar em busca da construção de um projeto de reconstrução nacional e que expresse avanços civilizacionais, é nosso objetivo.

Assista à primeira mesa do seminário aqui:

Da Fundação Maurício Grabois

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