Quem fez a reforma trabalhista tem mentalidade escravocrata, diz Lula

Para ex-presidente, “em qualquer lugar do mundo, se tiver economia forte, tem sindicato forte”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente a reforma trabalhista de 2017, que retirou direitos, enfraqueceu a Justiça do Trabalho e atacou o movimento sindical.  Ao participar nesta quinta-feira (12), em São Paulo, do 4º SindiMais – encontro anual promovido pela Força Sindical –, Lula denunciou a natureza reacionária da medida, implantada no governo Michel Temer (MDB).

“A mentalidade de quem fez a reforma trabalhista e a reforma sindical é uma mentalidade escravocrata. É a mentalidade de quem acha que o sindicato não tem que ter força ou representatividade”, disse Lula. “No mundo desenvolvido, onde você tem economia forte, tem sindicato forte. Em qualquer lugar do mundo, seja nos países nórdicos, seja na Europa, no Japão, se tiver economia forte, tem sindicato forte”, comparou.

O SindiMais deste ano teve como tema “Projeto para o Brasil e o Futuro das Relações Trabalhistas e Sindicais”. A atividade ocorreu no auditório do Palácio do Trabalhador, sede Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, no bairro da Liberdade.

Lula integrou a mesa de debate “Organização Político-Sindical na Atualidade”, ao lado dos presidentes da Força, Miguel Torres, e da UGT, Ricardo Patah. A mediação foi do jornalista Ricardo Franzin, da Agência Sindical. Na opinião do ex-presidente, “o Estado tem que funcionar como árbitro para que as partes possam negociar aquilo que interessa ao conjunto tanto dos empresários quanto dos trabalhadores”.

Houve críticas também ao governo Jair Bolsonaro (PL). “O presidente disse que é importante o povo comprar arma, porque somente com arma vai evitar um governo ditador. Ele é o ditador”, disparou Lula. “Quero que o povo vá é para a universidade e que o trabalhador possa ter livro na sua casa. É a qualificação profissional que valoriza salário e torna o país competitivo.”

Para Lula, o Brasil precisa de um projeto que garanta tanto crescimento quanto desenvolvimento. “Se não discutir desenvolvimento, não tem crescimento do País. Crescimento gera emprego, emprego gera renda, a renda gera o consumo e o consumo gera para a empresa”, afirmou. “Assim, a roda da economia volta a funcionar – e é o que eu digo todo dia: o trabalhador vai voltar a fazer churrasquinho. O milagre da economia é a participação do trabalhador.”

Lula defendeu a formação de mesas tripartites – com governo, empresários e trabalhadores – para formular uma nova legislação trabalhista. “Tem duas coisas que temos que ter certeza e que vale para os dirigentes sindicais, para o presidente, para os empresários e para os trabalhadores: precisamos conquistar credibilidade, para que as pessoas acreditem naquilo que a gente fala, e precisamos ter previsibilidade. Ninguém pode ser pego de surpresa toda noite”, disse o ex-presidente.

“Eu, por exemplo, não sou daqueles que defende a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) tal como ela estava. Acho que ela precisa adaptar e fazer algumas mudanças para que a gente pudesse adaptar ao atual mercado de trabalho”, ponderou. “Mas era importante que a gente tivesse o mínimo necessário garantido para que os sindicatos, livremente, pudessem negociar o máximo.”

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, denunciou a exclusão social, a fome e a falta de moradias e de condições de vida dignas para milhões de brasileiros. “O movimento sindical unificado tem resistido aos ataques aos direitos e demonstrado união e projetos para o País sair da crise, se desenvolver e gerar empregos de qualidade”, afirmou.

Ele citou como exemplo a Pauta da Classe Trabalhadora, aprovada na Conclat 2022. “Temos compromisso com o povo brasileiro, com a democracia e com a eleição de governos e parlamentos progressistas, voltados ao social.”

Com informações da Força Sindical

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