Lula faz aceno em MG para atrair o PSD e selar aliança com Kalil

Segundo os organizadores, ato “Lula Abraça Minas” reuniu 12 mil pessoas em Belo Horizonte

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que vai se dedicar à construção de mais alianças para sua pré-candidatura à Presidência da República. A declaração foi dada durante o ato “Lula Abraça Minas”, na noite desta segunda-feira (9), no Expominas, em Belo Horizonte (MG). Segundo os organizadores, a atividade reuniu 12 mil pessoas – mas apenas 7 mil conseguiram entrar no auditório, que estava lotado.

Hoje, o Movimento Vamos Juntos pelo Brasil – que lançou a pré-candidatura de Lula, com o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB) de vice – conta com sete partidos: PT, PCdoB, PV, PSB, PSOL, Rede Sustentabilidade e Solidariedade. Lula quer atrair o PSD e selar uma coligação com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), que vai concorrer ao governo do estado contra o bolsonarista Romeu Zema (Novo), pré-candidato à reeleição.

“Voltarei muitas vezes a Minas Gerais. Temos que fazer muitas conversas aqui”, declarou o ex-presidente. “Há muitas coisas a serem acertadas, e vamos ter que construir algumas alianças no estado.” Além de Belo Horizonte, onde houve uma série de agendas nesta segunda, Lula visitará as cidades de Contagem (nesta terça-feira) e Juiz de Fora (nesta quarta). As duas cidades são administradas por prefeitas petistas.

O impasse em relação ao apoio do PSD ao Movimento Vamos Juntos pelo Brasil está na candidatura ao Senado, já que os partidos envolvidos nessa costura somam três pleiteantes ao cargo. Kalil quer que todas as legendas fechem apoio a um único nome – o do senador Alexandre Silveira, presidente do PSD-MG. O PT indicou o deputado federal Reginaldo Lopes, que lidera as pesquisas de intenção de voto. E o PCdoB lançou a pré-candidatura de Gilson Reis, ex-vereador de Belo Horizonte e presidente da Contee (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino).

Citando o educador Paulo Freire, Lula disse que a “grande tarefa” é “juntar os divergentes para vencer os antagônicos”. Tudo para derrotar o inimigo comum – o presidente Jair Bolsonaro (PL). “Não estaremos enfrentando um adversário qualquer – mas um adversário que representa a antidemocracia, o antiamor, a antipaz, a antieducação e o antidesenvolvimento. Um adversário que representa a ignorância, a violência e o fascismo”, afirmou o ex-presidente. “A gente vai ter que jogar esse fascismo no esgoto da história porque o Brasil nasceu para a democracia e para o desenvolvimento.”

Lula também lembrou avanços de seu governo (2003-2010), como os programas sociais, a inclusão de jovens no ensino superior e o maior poder de compra do conjunto dos brasileiros. “Quando eu era presidente, era gostoso ser brasileiro. O companheiro de outro estado vinha a Minas Gerais de avião. Que alegria que eu tinha quando alguém falava que tinha muito pobre no aeroporto. O trânsito tá carregado em BH, em São Paulo, porque esse Lula foi fazer com que pobre pudesse comprar carro”, disse o ex-presidente.

Segundo Lula, Bolsonaro faz ataques às urnas eletrônicas porque, fora do Planalto, corre o risco de ser condenado pela Justiça. “Bolsonaro, seus dias estão contados. Não adianta desconfiar de urna”, discursou o ex-presidente. “O que você tem é medo de perder as eleições e ser preso posteriormente.”

O presidente do PCdoB-MG, Wadson Ribeiro, agradeceu a Lula por ter escolhido Minas para abrir sua agenda como pré-candidato. “Essa sua vinda aqui hoje é carregada de simbolismo. É o primeiro estado em que o senhor pisa depois do lançamento da pré-candidatura em São Paulo – e isso não é qualquer coisa”, afirmou o dirigente comunista. “Nós, mineiros, somos do partido de Tiradentes, do partido da liberdade, da independência, da soberania e do desenvolvimento.”

De acordo com Wadson, “é preciso fortalecer e reconstruir o Brasil”, que foi “destruído” pelo governo Bolsonaro. “Mas nós só vamos fazer isso unindo todo o Brasil. Só tivemos mudanças verdadeiras no País quando unimos a maioria do povo brasileiro.” Ele afirmou que mais partidos e movimentos sociais se somarão ao Movimento Vamos Juntos pelo Brasil. “Milhões de brasileiros farão parte desse cordão para que o Brasil volte a sorrir!”

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