Após privatização, postos da BR Distribuidora vendem a gasolina mais cara do país

Segundo a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras, ao abrir mão da BR Distribuidora, o governo entregou ao setor privado “não apenas a segunda maior empresa do Brasil, mas também a maior fatia do sétimo mercado consumidor de derivados do planeta”.

Foto: Agência Petrobras

Os postos de combustíveis da BR, que não pertencem mais à Petrobrás, vendem hoje a gasolina mais cara do Brasil. A ex-subsidiária é controlada pela Vibra Energia, que, além de ter se apropriado da maior distribuidora de combustíveis do país, ainda foi beneficiada com o direito de utilizar a marca da Petrobrás por 10 anos.

De acordo com o último relatório semanal da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o valor de R$ 8,999 é o mais alto cobrado pelo litro do combustível aditivado no país. Esse preço vigora em postos localizados nos bairros de Santa Cecília (3) e de Higienópolis (1), na capital paulista, e na cidade de Guarujá (1), no litoral de São Paulo. Nos cinco estabelecimentos, o simples ato de encher um tanque de 58 litros, como o do Fiat Strada, carro mais vendido do Brasil no mês de março, sai por nada menos do que R$ 521,94, valor que corresponde a 43% do salário mínimo atual, de R$ 1.212.

Ao comentar o fato, a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás, Rosangela Buzanelli, lembra que a ex-subsidiária foi criada em 1971 para romper com o cartel das multinacionais e garantir a distribuição de combustíveis e lubrificantes para o nosso país. E assim atuou por várias décadas, até ser parcialmente privatizada em 2019 pelo governo Bolsonaro.

Rosangela ressalta que, ao abrir mão da BR Distribuidora, o governo entregou ao setor privado “não apenas a segunda maior empresa do Brasil, mas também a maior fatia do sétimo mercado consumidor de derivados do planeta. Inegavelmente, um “ativo de classe mundial” como os neocolonizados gostam de denominar”.

A privatização completa da empresa foi concluída em julho de 2021, com a entrega do terço final das ações da BR que ainda estavam sob controle da Petrobrás. A ex-subsidiária passou, então, a ser controlada pela Vibra Energia, mas continuou utilizando a marca BR e o nome Petrobrás nos postos. A permissão do uso da marca por 10 anos fez parte do processo de privatização, o que, na opinião de Rosangela, foi uma forma de entregar junto com a BR “a credibilidade construída em décadas, garantindo a fidelidade dos clientes e o mercado cativo. Um negócio de mãe pra filho”.

O diretor da FUP, Pedro Lúcio Goes,  em seu perfil no Twitter,  também questionou a diferença gigantesca entre o valor que a Vibra desembolsou para comprar a BR e o faturamento que obteve no ano passado, vendendo combustíveis precificados em dólar e com paridade de importação:

Marca brasileira e preços em dólar

Os postos da BR continuam usando o mesmo símbolo em seus letreiros e a mesma identidade visual nacionalista, com as cores que remetem à bandeira brasileira. O visual não mudou, mas, em compensação, o preço da gasolina disparou. “Isso é mais uma prova irrefutável privatizar faz mal ao Brasil”, ressalta a conselheira eleita, fazendo referência à campanha ao slogan dos petroleiros contra as privatizações.

“Em fevereiro, já havíamos falado sobre os preços da gasolina e do diesel cobrados pela Refinaria de Mataripe, nossa primeira refinaria, a RLAM, privatizada em dezembro do ano passado. A refinaria baiana tem, atualmente, os valores mais altos do mercado”, afirma Buzanelli.

“Esses fatos demonstram o que alertamos desde sempre: a privatização encarece os preços e piora a qualidade dos produtos e serviços. E isso já está fartamente comprovado no país, com a telefonia, boa parte do setor elétrico, abastecimento de água e saneamento básico. A política de privatizações socializa o investimento e privatiza o lucro”, alerta a conselheira da Petrobrás.

A venda da BR Distribuidora e da RLAM reforçam que a privatização da Petrobrás não é solução para o país. Quem arca com o prejuízo é a população, que paga preços dos combustíveis, cada vez mais caros, enquanto os acionistas privados da Petrobrás ficam cada vez mais ricos.

Fonte: Portal da FUP com informações do blog de Rosangela Buzanelli e portal R7.