Com omissão do Itamaraty, ativista travesti é deportada do México

“A situação é um completo absurdo e reflete o que as pessoas trans enfrentam diariamente por somente existirem”, diz nota da Aliança Nacional LGBTI+

Keila Simpson, presidente da Antra

Mesmo com toda a mobilização social, a presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Keila Simpson, foi deportada do México, no final da tarde deste domingo (1), onde ia participar do Fórum Social Mundial, que começou nesta segunda e vai até o próximo dia 6. A alegação é de que seu nome não está retificado nos documentos, embora a foto seja feminina.

A ativista iria representar o Brasil como diretora da Associação Brasileira de Ongs, a Abong, e palestrar numa mesa que debate a violência contra a população trans. Ela considera ter sido vítima de transfobia, pois estava com toda a documentação regularizada para a viagem.

Keila não só foi impedida de entrar no México, como passou doze horas praticamente incomunicável, além de não poder se alimentar ou tomar banho. 

A delegação brasileira acusa a diplomacia brasileira de se omitir em relação ao episódio, favorecendo a deportação da ativista. No Brasil, a Abong também não foi recebida na Embaixada e exige atitude, assim como reparação do governo mexicano. A imprensa não recebe retorno de nenhuma das representações diplomáticas sobre o assunto.

O Forum Social Mundial, reunido na cidade do México, vai fazer a denúncia internacional e mobilizar parlamentares mexicanos para exigir investigação do fato.

Leia abaixo a nota da Aliança Nacional LGBTI+ denunciando o fato:

NOTA OFICIAL DA ALIANÇA NACIONAL LGBTI+

DE SOLIDARIEDADE À ATIVISTA KEILA SIMPSON E PEDIDO DE INVESTIGAÇÃO

A Aliança Nacional LGBTI+, por meio de sua Coordenação Nacional da Área de Mulheres Trans, vem a público expressar solidariedade à ativista Keila Simpson detida no aeroporto da Cidade do México e mandada de volta para o Brasil, sob alegação de não ter apresentado carta-convite ou endereço de local de hospedagem para o Fórum Mundial Social, além de não ter seu nome retificado nos seus documentos.

Keila é a presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais – ANTRA, e é uma das maiores ativistas na defesa das causas das pessoas trans e travestis da América Latina.

A situação é um completo absurdo e reflete o que as pessoas trans enfrentam diariamente por somente existirem. No caso específico, a situação poderia ter sido resolvida pelas autoridades de imigração através de telefonema aos organizadores do evento.

Esperamos que as autoridades competentes atuem em conjunto com as daquele país para investigar o acontecido e para que a situação não se repita no futuro.

Pedimos ao movimento LGBTI+ e aos parlamentares do México que ajudem a esclarecer o ocorrido.

A Aliança Nacional LGBTI+ se coloca a inteira disposição para auxiliar no que for necessário e reforça a importância de andarmos lado a lado nas lutas contra o racismo e fascismo que tentam se perpetuar pelo mundo.

02 de maio de 2022

Rafaelly Wiest
Diretora Administrativa da Aliança Nacional LGBTI+

Layza Lima Leopoldino
1ª Coordenadora Adjunta da Área de Mulheres Trans da Aliança Nacional LGBTI+

Camile da Silva Nascimento
3ª Coordenadora Adjunta da Área de Mulheres Trans da Aliança Nacional LGBTI+

Amanda Souto Baliza
Coordenadora Nacional da Área Jurídica da Aliança Nacional LGBTI+

Toni Reis
Diretor Presidente da Aliança Nacional LGBTI+

Gregory Rodrigues Roque de Souza
Coordenador Nacional de Comunicação da Aliança Nacional LGBTI+

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