Senadoras cobram punição a garimpeiros assassinos de menina yanomami

A Procuradoria da Mulher no Senado acionou o Ministério Público Federal (MPF) pedindo apuração e punição para os responsáveis pelo estupro e morte de uma menina yanomami de apenas 12 anos. A denúncia foi feita, nesta terça-feira (26), pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari.

De acordo com o líder, a menina foi violentada após ser retirada da comunidade Aracaçá, na Waikás, no estado de Roraima. A região concentra a maior área degradada pela presença de garimpeiros em terras Yanomami desde 1980.

Os garimpeiros teriam levado a pré-adolescente, sua tia e mais uma criança de 3 anos, que estavam sozinhas na comunidade, para um acampamento de garimpo ilegal. A tia tentou impedir a violência, mas foi jogada no rio Uraricoera, junto com a outra menor. 

“A proteção constituinte à dignidade da pessoa humana, aos direitos das crianças e aos direitos das mulheres também é ferida de morte quando uma criança de doze anos perde uma vida desta maneira no Mês dos Indígenas, os brasileiros originários”, diz nota assinada pela procuradora da Mulher, senadora Leila Barros (PDT-DF).

De modo atento, segundo a nota, a Procuradoria da Mulher acompanhará o pedido de apuração dos fatos feito pelo Ministério Público Federal e se empenhará no que estiver a seu alcance para a Justiça ser devida e efetivamente feita.

“Até quando os governantes serão coniventes com essa tragédia? Nossos indígenas clamam por ajuda e justiça”, criticou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA)

Para o senador Paulo Paim (PT-RS), trata-se de um crime revoltante que não pode ficar impune. “Os culpados precisam ser identificados e julgados no rigor da lei por essa selvageria”, cobrou.

Criança desaparecida

A primeira mulher indígena eleita para o Congresso, a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), também cobrou a punição dos culpados. Ela lembrou que, além da menor de 12 anos morta, a criança de 4 anos encontra-se desaparecida na região do rio Uraricoera.

“Eu me solidarizo com todo o povo Yanomami, porque é uma vergonha não haver nenhuma resposta à altura dessa situação. É necessário investir na proteção das terras indígenas, retirando delas, de imediato, todos os invasores que estão ali”, protestou a deputada.