Morre menina indígena violentada por garimpeiros

De acordo com o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana, uma criança de 4 anos está desaparecida após ter sido jogada no rio com a mãe dela.

Foto: Reprodução da Internet

Uma adolescente ianomâmi, de 12 anos, morreu após ser estuprada por garimpeiros na comunidade Aracaçá, na região de Waikás. O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, afirmou que, além da morte da menina violentada, uma outra criança está desaparecida após ter sido jogada no rio Uraricoera com sua mãe, durante o sequestro. A mulher, de 28 anos, sobreviveu, mas o filho teria se afogado.

“A adolescente estava sozinha na comunidade e os garimpeiros chegaram, atacaram e levaram ela para as barracas deles. A tia dela defendeu [a sobrinha]. Quando estava defendendo, os garimpeiros empurram ela em direção ao rio junto com a criança. Essa criança se soltou no meio do rio, acho que estava em um barco. Eles invadiram e levaram [a menina] para o barraco dos garimpeiros e a violentaram brutalmente, estupraram essa adolescente. Moradores de lá me disseram que ela morreu. Então, é muito triste, muito triste mesmo”, afirmou Hekurari ao portal G1.

Segundo relata a agência Globo, com pouca oferta de caça e pesca em razão da destruição do meio ambiente e debilitados por doenças que os impedem de buscar o próprio alimento, jovens indígenas estão sendo forçados a trabalharem para os garimpeiros. “Em um esquema criminoso, que envolve aliciamento, assédio de menores, violência e abuso sexual contra mulheres e crianças, algumas são embriagadas por bebidas alcoólicas e estupradas até a morte”, diz a reportagem.

A Hutukara Associação Yanomami (HAY) divulgou, há 15 dias, relatório denunciando que garimpeiros estão exigindo sexo com meninas e mulheres indígenas como moeda de troca por comida na Terra Yanomami. O documento traz relatos de indígenas, pesquisadores e antropólogos, e mostra que ao menos três adolescentes, de até 13 anos, ficaram doentes e morreram em 2020 após os abusos praticados pelos garimpeiros.

Na região do Rio Apiaú, os moradores relataram à Hutukara que um garimpeiro que explora a região ofereceu drogas e bebidas aos indígenas e, quando todos já estavam bêbados, estuprou uma das crianças da comunidade. O Ministério Público Federal (MPF) disse à HAY que apresentou à Justiça Federal pedido para obrigar a União a retomar ações de proteção e operações policiais contra o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, pois constatou que “as operações executadas em 2021 pelo Governo Federal não foram capazes de conter o avanço da atividade ilegal no território”.

No STF, APIB protocola petição contra o garimpo 

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) informou nesta terça-feira (26) que, durante o Acampamento Terra Livre (ATL), solicitou ingresso no Mandado de Injunção n. 7369, proposto pela Sociedade de Defesa dos índios Unidos de Roraima, que solicita a “concessão da ordem para que haja o reconhecimento da mora legislativa e deferimento da injunção para a determinação do prazo razoável para a edição da norma regulamentadora”. Anteriormente, o Conselho Indígena de Roraima (CIR), também solicitou ingresso, mas até o momento não houve deferimento do pedido.

“Além de solicitar ingresso, a Apib aponta de forma contundente que as atividades de garimpo e mineração em terras indígenas são incompatíveis com o modo de vida dos povos indígenas”, enfatizou, em comunicado divulgado em seu portal na internet. O advogado da APIB, Luiz Eloy Terena, frisa que “o desenho constitucional, que outorgou as terras indígenas, a missão precípua de proteger o modo de vida dos povos indígenas, garantindo a reprodução física e cultural dos povos, não permite a atividade de garimpo em terras indígenas”.

Com informações da Agência Globo e dos portais G1, iG e da Apib